Adolescência

Como ensinar os nossos filhos a empreender?

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Pensar além da caixa, na expectativa de entrar no mercado de trabalho, tornou-se uma necessidade

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), nos últimos dois anos, o número de desempregados entre 18 e 24 anos passou de 17,6% para 28,8%, no Brasil. Para reforçar esses dados, foi aprovada recentemente uma Reforma Trabalhista e a Lei da Terceirização, permitindo que as empresas terceirizem qualquer atividade, o que facilita o esquema de contratação das empresas, com prestação de serviços, por exemplo, mas pode gerar ainda mais desemprego para esta geração mais nova.

O Fórum Econômico Mundial prevê que 65% das crianças que hoje estão na pré-escola, terão profissões que não existem ainda. O mundo está mudando rapidamente e o que conhecemos hoje como mercado de trabalho, talvez não seja a realidade dos adultos do futuro.

Mas diante de um cenário em crise, que ao mesmo tempo evolui em uma velocidade imprevisível, o que propor para os jovens de hoje como oportunidade?

“Quando comecei a faculdade, o foco era ter MBA, pós-graduação, tudo para ser empregado de uma grande empresa. Ninguém pensava em empreender. Eu já educo meu filho para criar nele um senso de independência, não ter um chefe e, sim, ser seu próprio chefe. Desde já, eu converso muito sobre crescer financeiramente, explorar oportunidades, mostrando que eu e a mãe dele somos autônomos. A criança não pode ficar esperando as coisas, precisa ir atrás daquilo que quer, para despertar a vontade de desenvolver algo novo”. Quem argumenta é Ricardo Joaquim Gonçalves, proprietário de uma franquia de uma rede de escolas de inglês.

O empreendedor, que já teve três negócios antes desse, e já pensa no próximo, explica que percebe seu filho muito inseguro ainda e que, com sua experiência de empreendedorismo, promove coragem, ensina proatividade e o não ter medo de errar. “Quando fomos andar de bike, ele tinha medo de cair, claro. Nós demos segurança, ressaltando que pode ser que ele caia, mas que precisa arriscar, senão, não há diversão”. São pequenos ensinamentos que trazem cotidianamente uma nova visão a respeito de como ser protagonista em um ambiente inseguro e ao mesmo tempo desconhecido, como o que se configura para o futuro agora.

Pensar em empreender é uma forma de investir o talento e conhecimento.
Com a nova proposta do MEC para o Ensino Médio, por exemplo, já é possível perceber que os caminhos serão muito diversos. E entrar e sair da faculdade apenas esperando um mercado com vagas de trabalho disponíveis, não é exatamente uma opção.

Pesquisas feitas pela Agência Curitiba de Desenvolvimento demonstram, por exemplo, que Curitiba está em 8º lugar no ranking brasileiro de cidades com cultura empreendedora. A busca da maioria das pessoas na cidade ainda é por vagas de empregos e concursos públicos, o que não é bom para um cenário em que o Fórum Econômico Mundial aponta, como por exemplo, que a tecnologia e automação eliminarão mais de 7 milhões de emprego no mundo todo até 2020.

Por mais antagônico que pareça, é exatamente aí que nascem as boas notícias. Com a chegada das startups no cenário, desenvolvendo novas oportunidades, novos tipos de emprego, inclusive, a expectativa é de que, em dez anos, essa cultura seja completamente diferente e o empreendedorismo seja uma opção muito mais sólida.

Mas e o medo de se arriscar diante de um ambiente que não parece muito propício para isso? Ou, ainda, incentivar as crianças e os jovens a serem inventivos, mas sem saber se isso vai garantir o futuro deles?

Ricardo é enfático: “eu não lembro do nosso país não ter crise. Hoje é um nome diferente que damos para ela: política. Mas sempre estivemos em crise. O brasileiro se acomoda, consola-se, pensando que não é o momento. Negativo! As pessoas comem, dormem, estudam, sempre terão as necessidades básicas. Por isso, mesmo em crise, as pessoas estão comprando e consumindo. Nesse momento o empreendedor precisa trabalhar mais, se reinventar e focar no negócio, ir atrás das pessoas que precisam do seu serviço ou fazer com que elas entendam que precisam dele. Não pode ficar na zona de conforto e isso é aprendizado constante”, ressalta o empreendedor.

Se quiser saber mais sobre as mudanças que já estão acontecendo no mercado de trabalho, esse texto aborda o mercado do lado de dentro: a mentalidade dos jovens está mudando e, com isso, o comportamento dentro das empresas também.