Comportamento

Como construir cidades mais inteligentes, seguras e inclusivas

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Texto de Edgar Fernando

O conceito de cidade inteligente é fazer o uso da tecnologia em seu processo de planejamento, tendo participação dos cidadãos, repensando o uso dos espaços urbanos respeitando a sustentabilidade e as diferentes necessidades dos que vivem nela.   

Curitiba, por exemplo, é conhecida por sua área verde. São mais de 30 parques e bosques, o que representa quase 5% da área total da cidade. No entanto, as pessoas parecem cada vez menos participar do espaço público, sentir prazer em estar na rua, em passear pelas praças.

A arquiteta e urbanista Tatiana Gadda explica que nem todos os lugares do mundo permitem que no centro da cidade se instalem estabelecimentos desse porte. “Isso compete e mata o comércio local, afasta as pessoas da rua, desincentiva explorar a cidade e tem impactos até mesmo na segurança pública”, explica Tatiana, que é professora da UTFPR. Considerando que de qualquer ponto da cidade se tem acesso a um shopping a pelo menos 10 minutos, não é difícil de calcular os impactos desses negócios para a vida urbana.

A arquiteta cita, por exemplo, que a relação com a rua tem mudado tanto que as novas gerações acham estranha a ideia de ir a um cinema de rua. Ela defende a necessidade de se dar oportunidade para as crianças vivenciarem essas experiências. A educação passou por sugerir um olhar crítico para a diversidade do espaço público. “A cidade tem mensagens importantes, que podem segregar ou podem favorecer a troca”, explica Tatiana.

Como será a Curitiba do Futuro?  

 

Educação e planejamento urbano, aliás, são as chaves para criar experiências positivas com e para a cidade – sobretudo quando vêm juntos. O direito à cidade é um dos debates jurídicos atuais e, nesse sentido, a participação na elaboração do Plano Diretor é fundamental. Essa é a lei que rege a organização e funcionamento da cidade. O último Plano Diretor, por exemplo, determinou que, nos próximos anos, as cidades deverão crescer de forma mais verticalizada, organizada em eixos estruturantes, de adensamento e com bairros autônomos.

“O problema é que as pessoas não sabem como participar, não são educadas para pensar no nosso viver com a cidade, a pensar no outro”, diz Tatiana, ressaltando a importância do conceito de “urbanidade”: aqueles costumes que expressam o respeito entre as pessoas e a civilidade necessária para se viver em sociedade. “Os pais precisam ajudar os filhos a se tornarem cidadãos, e não ficar esperando os demais fazerem”, exemplifica.

A cidade pode segregar ou pode favorecer a troca

Apesar de, no imagético, a cidade ser local de “gente grande”, tudo seria melhor se elas fossem pensadas para as crianças. A proposta é da própria professora: “uma cidade boa é uma cidade boa para uma criança. É uma cidade em que há segurança pública, viária e a acessibilidade para ela e também para os demais, como idosos e pessoas com deficiência”, propõe a arquiteta e urbanista Tatiana Gadda.

Fica aqui, então, um incentivo para colocar as crianças e os adolescentes para pensar como seria sua cidade ideal e como fazer com que a mesma avance para ser mais inclusiva, diversa e justa.