Assumir que não é perfeito ensina os filhos a terem mais empatia com os outros
Existem aqueles dias em que parece que tudo está mais difícil: as crianças choram, brigam, interrompem mil vezes o seu trabalho ou até mesmo a reunião remota. Quando você menos espera, acaba explodindo e fala em um tom de voz muito mais duro do que gosta de usar com seus filhos. Como caminhar nesta linha tênue entre mostrar sentimentos nem sempre positivos e não deixar a irritação ficar descontrolada?
Primeiramente, é importante lembrar que é normal perder a calma de vez em quando, isso faz parte da vida. Claro que não estamos falando sobre abuso emocional ou violência física, que nunca são aceitáveis. Existe um tipo de expectativa de tentar proteger as crianças de qualquer emoção negativa, o que não é bom. Afinal, temos uma gama de emoções que inclui sentir-se frustrado, ansioso e preocupado.
Como lidar com a irritabilidade?
A pandemia, e todas as questões que a envolvem, estão exacerbando muitos estressores entre mães e pais, tanto financeiros quanto emocionais. Por isso, nesse período pode ser especialmente desafiador exercitar o autocontrole e, muitas vezes, a irritação acaba vindo à tona. Já que não é possível controlar tudo, o mais importante é o que acontece depois de explodir com seus filhos.
“É importante os pais reconhecerem que erraram e pedirem desculpas. Com esse modelo, o filho aprende de forma natural que errar é humano, que os pais não são perfeitos, eles também erram e podem se desculpar por isso”, observa a coordenadora pedagógica da Educação Infantil do Colégio Marista Asa Sul, Patrícia Deoti e Silva Resende.
Além disso, esse momento é uma ótima oportunidade para a criança aprender a acolher o sentimento de tristeza, frustração ou fracasso, emoções que precisam ser trabalhadas para o bom desenvolvimento emocional.
Veja alguns conselhos para ter empatia e exercitar o autocontrole:
– Reconheça seu erro: depois de se acalmar, peça desculpas a seu filho e converse de uma maneira apropriada para a idade sobre seus sentimentos. Você não precisa entrar em detalhes sobre por que reagiu daquela maneira, mas pode dizer algo como: “Sinto muito por ter gritado. Fiquei frustrado, mas não é sua culpa” Em seguida, você pode falar sobre maneiras de se acalmar que poderia ter usado, como dar uma caminhada, respirar fundo ou se afastar da discussão.
– Dê um tempo a si mesmo: se está se sentindo nervoso ou sobrecarregado, faça algo relaxante, como sentar sozinho em um canto, ouvir uma música, e procure se acalmar. Mesmo que nem sempre seja possível, especialmente se seu filho é pequeno e não pode ser deixado sozinho, tente pedir ajuda a alguém.
– Não tente ser perfeito: embora você não goste de deixar as crianças em frente à tela, por exemplo, isso pode ajudar a te dar mais cinco minutos para resolver algo. Não se culpe por isso nem seja tão exigente. Em alguns momentos, isso pode ajudar.
– Lembre-se de que as crianças não têm controle dos impulsos: o cérebro das crianças ainda está sem desenvolvimento, por isso acontecem situações de descontrole que podem incluir choro, gritos e o que é chamado de “birra”. É importante sempre ter isso em mente para exercitar a empatia e a calma diante das situações.
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