Adaptar a casa para oferecer locais mais adequados para as crianças pode ser uma alternativa para evitar ferimentos
Crianças são naturalmente criativas e corajosas, quando ficam muito tempo em casa inventam brincadeiras e muitas aventuras. Entretanto, essa capacidade inventiva às vezes pode resultar em ferimentos. Segundo a Ong Criança Segura, os acidentes domésticos são uma das principais causas de lesões entre crianças, com diferentes níveis de gravidade.
A Sociedade Brasileira de Pediatria aponta que estes acidentes acontecem com maior frequência em períodos de férias, quando as crianças passam mais tempo explorando o ambiente, inventando atividades em espaços muitas vezes inadequados para seu tamanho e habilidades. Quedas e queimaduras estão entre os eventos mais comuns.
Uma boa estratégia para evitarmos acidentes é pensarmos no uso alternativo dos espaços da casa, adotando certa flexibilidade dos ambientes. Na medida do possível, é interessante adaptar um cômodo ou parte dele para que as crianças possam estar em segurança quando ficarem sem supervisão – uma área segura, livre de balcões, quinas e objetos pontiagudos ou muito pequenos.
Cuidados especiais para prevenção
“Vale destacar que há de se observar com maior cuidado as crianças de 2 a 5 anos, cuja curiosidade está em alta, mas a capacidade de percepção do ambiente e dos perigos ainda não está plenamente desenvolvida”, alerta o psicólogo Pedro Braga Carneiro, especialista da Rede Marista de Educação Básica.
Os períodos do final da tarde e começo da noite, quando os níveis de energia e agitação podem estar maiores do que a atenção, são momentos críticos para se redobrar os cuidados.
Com as crianças mais tempo em casa por conta do isolamento social para evitar a disseminação do coronavírus (Covid-19), há de se se esperar que mais acidades possam acontecer, como se estivessem no período de férias, porém, com alguns agravantes.
O primeiro fator agravante se refere à quantidade de atividades que a criança precisará desenvolver no espaço doméstico, associada à impossibilidade de mães, pais e responsáveis as acompanharem o tempo todo, afinal, os adultos também estão ocupados com os seus afazeres, mesmo que trabalhando em casa.
Desenvolvimento da autonomia
Por outro lado, o contexto convida ao desenvolvimento da autonomia das crianças, para que possam se entreter e desenvolver suas atividades sozinhas, aconselha o psicólogo, pelo menos em alguns momentos do dia, de acordo com sua faixa etária.
“Para tanto, o ideal é que possamos ir promovendo gradualmente esta autonomia, ampliando gradativamente os processos e os tempos que os filhos possam estar sem supervisão”, aponta.
Ou seja, é importante que as crianças tenham tempo livre em suas rotinas, sem atividades orientadas, para que construam suas brincadeiras e desenvolvam sua criatividade.
A mesma lógica se aplica às tarefas domésticas, que podem ser incorporadas ao cotidiano das crianças e adolescentes, especialmente nesse período de isolamento em que os afazeres precisam ser compartilhados.
Entretanto, é prudente observar as habilidades de cada uma, não permitindo que desenvolvam de forma autônoma aquelas atividades que ainda forem incompatíveis com seu nível de destreza.
Atenção ao álcool líquido
Outro fator de risco, que muitas vezes pode até passar desapercebido, está envolvido com o uso mais frequente do álcool 70°, em especial quando o líquido.
“Esse produto, que já não era comum no mercado, voltou a ser frequentemente utilizado nas casas como forma de prevenção ao contágio do coronavírus. Entretanto, é uma substância bastante inflamável, que pode provocar queimaduras. Portanto, sempre que possível, é preferível que se incentive a higienização das crianças com água e sabão”, alerta o especialista.
Por fim, se nem toda prevenção pode evitar quedas ou outros machucados, afinal, não há estratégia 100% segura.
“Por isso, é importante que cada família disponha de um plano para primeiros socorros. Com os hospitais cheios e o risco de contaminação nesses ambientes, é interessante que se identifique com quais apoios se pode contar em caso de necessidade”, sugere Carneiro.
Para saber mais:
https://www.safekids.org/blog/parents-checklist-preventing-injuries-during-coronavirus
https://criancasegura.org.br/noticia/riscos-alcool-criancas-combate-ao-coronavirus/
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