As crianças aprendem mais por meio das brincadeiras e do exemplo
Crianças pequenas estão descobrindo percepções e relações com o mundo a sua volta, consigo mesmas e com as pessoas que as cercam. No contexto da pandemia, em que toda sociedade mobiliza esforços para a prevenção e enfrentamento à Covid-19, os pequenos percebem que algo está diferente, que os adultos estão preocupados, ansiosos, fazendo adaptações a suas rotinas – e compartilham desses sentimentos.
Como integrantes da sociedade, as crianças vivenciam essas situações à sua maneira, compreendendo a seu modo o que está presente no ambiente.
“Cabe ressaltar que, nesta idade, elas não estão prontas para fazer reflexões sobre conceitos abstratos, como saúde coletiva, segurança, prevenção, contaminação. São repertórios que o sujeito só vai apreender mais tarde em seu desenvolvimento”, lembra o psicólogo Pedro Braga Carneiro, especialista da Rede Marista de Educação Básica.
Como ensinar as crianças a se cuidarem?
Portanto, é importante partir de situações mais concretas, das experiências do dia a dia, para dialogar sobre a importância de se cuidar e de se manter em segurança durante a pandemia. Carneiro destaca que, nesta fase, a aprendizagem sobre a realidade se dá por meio das brincadeiras e interações – dois recursos de fundamentais que ajudam a compreender o que está acontecendo ao seu redor.
Nas brincadeiras, a criança revela aquilo que está em seu imaginário, quais os conteúdos que as estão afetando de forma mais contundente. Sendo assim, há de se esperar que temas como “ficar em casa”, “se cuidar”, “ficar doente”, permeiem o brincar nesse momento.
“Brincar junto com as crianças, deixando-as conduzir o tom das brincadeiras, pode ser um recurso interessante para perceber como elas estão lidando com o contexto, além de contribuir para inserir as orientações necessárias. Esse movimento, do lúdico para o real, a criança faz o tempo todo, e é muito importante para a sua compreensão da realidade”, enfatiza o psicólogo.
Porque as atividades lúdicas são importantes?
Também há recursos lúdicos como histórias, músicas e vídeos disponíveis na internet que abordam a pandemia em linguagem voltada paras as crianças. São histórias que enaltecem o cuidado, consigo e com os outros, e relacionam o “ficar em casa” como uma medida de carinho.
Carneiro pondera que a exposição prolongada às telas digitais não é recomendada nessa idade, mas em curtos períodos e com a mediação de adultos, podem ser estratégias interessantes para auxiliar na compreensão do contexto que vivemos.
No que diz respeito às interações, a criança aprenderá muito pelo exemplo. Ao perceber os adultos adotando medidas de higiene, de proteção frente aos riscos da pandemia, incorporará esses comportamentos no seu imaginário e na sua rotina.
“Sendo assim, é importante que elas compartilhem com suas famílias os momentos de cuidado – não se pode cobrar medidas de prevenção às crianças que elas percebam que os adultos não estejam realizando”, lembra Carneiro.
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