Basta a criança começar a crescer e demonstrar interesse em dança, futebol ou tirar boas notas em matemática para os pais alimentarem expectativas. Seja porque visualizam um futuro brilhante ou simplesmente porque querem apoiá-la. Porém, neste momento é preciso equilibrar esse anseio e deixar que as coisas aconteçam naturalmente.
Isso não significa que o seu filho realmente não possa se destacar por alguma habilidade especial. Entretanto, isso irá acontecer de forma mais saudável se ele não se sentir pressionado, especialmente por seus pais.
Como ensinar a criança que ela não precisa ser a melhor?
Primeiramente, desejar que o filho se sinta realizado é natural. Só é preciso estar atento para quando isso passa a virar uma cobrança, até mesmo prejudicando o bem-estar da criança. Neste aspecto os pais têm um papel fundamental.
Afinal, o diálogo é uma ótima ferramenta para que a criança compartilhe o que sente e vivencia nos ambientes que frequenta. Com isso, os pais podem conversar com o filho e explicar porque ele não precisa ser o melhor jogador de futebol da turma ou que não precisa sempre tirar as notas mais altas.
A coordenadora de Educação Infantil do Colégio Marista Anjo da Guarda, Celize Ogg, lembra que é preciso que os pais se recordem de quando eles eram crianças e das dificuldades que passaram.
“Melhorar requer esforço, nunca é fácil. Porém, isso não precisa ser motivo de stress, mas sim de orgulho, assim a autoestima fica preservada”.
Neste sentido, uma sugestão é mostrar os desafios que vivemos como adultos. É preciso ajudar as crianças a conseguirem atingir os seus objetivos, sem comparar com os outros.
“É essencial valorizar o caminho da criança, tudo o que ela conquistou. Uma dica é oferecer estratégias para melhorar. Se não deu certo uma vez, ela pode tentar de novo”, orienta.
Confira algumas sugestões de como ajudar os filhos a equilibrar as conquistas por si mesmos:
- Mude a sua percepção sobre fracasso e sucesso
Como nossa cultura supervaloriza boas notas e pontuações – e o futuro ideal que elas deveriam garantir – podemos supervalorizá-las também. É importante observar que essa visão de realização geralmente vem da ansiedade.
Queremos uma garantia de que nossos filhos ficarão bem, então valorizamos resultados, como notas altas, por exemplo. Porém, habilidades sociais e emocionais, incluindo colaboração e empatia, são o que realmente importa para impulsionar o desenvolvimento.
- Valorize as características pessoais
Uma maneira de ensinar empatia aos filhos é valorizá-los exatamente como são. É importante lembrar que cada criança é única — não é igual aos irmãos mais velhos, como você mesmo era quando criança ou como gostaria de ter sido. Prefira olhar para o seu filho sem julgamentos e se interesse pelas coisas que ele gosta.
- Encontre uma boa maneira de motivar seu filho
Quando se trata, por exemplo, de crianças que não estão se esforçando muito nas tarefas de casa, você pode fazer uma conexão com o que mais importa. Ajude seu filho a entender que as partes da escola que ele não gosta são um meio para um fim.
Se ele quer ser chef – ou apenas gosta de cozinhar – precisará entender conceitos de Matemática e Ciências, entre outras habilidades de cozinha. Ou seja, ensine desde cedo que, às vezes, temos que fazer coisas que não gostamos muito para atingir nossos objetivos.
- Não incentive a perfeição
Sabemos que a perfeição não existe, então ajude o seu filho a não se sentir cobrado por isso. No lugar disso, ensine a criança a se esforçar para terminar a lição de casa, jogar uma partida de vôlei ou fazer um desenho. Crie um refúgio de segurança em casa, onde os seus filhos possam se abrir e contarem como estão se sentindo.
- Ensine sobre persistência
Muitas vezes demoramos para aprender algo, e isso é natural. Ensinar as crianças a persistirem é importante para que consigam lutar pelo que querem, um aprendizado que seguirá ao longo da vida.
Você pode lembrá-los de momentos que vivenciaram, como quando aprenderam a amarrar os sapatos: “Quando você aprendeu a amarrar os sapatos, foi tão difícil no começo! Lembra quando você jogou seus tênis escada abaixo? Mas agora está mais fácil.”
- Fale sobre relações de valor
Por fim, muito do trabalho dos pais é ensinar os filhos a se relacionar bem com as outras pessoas. Ajudar as crianças a aprender habilidades sociais e emocionais é fundamental para o desenvolvimento delas. Isso, inclusive, tem impacto direto no desenvolvimento escolar.
Ou seja, independentemente de boas notas ou prêmios, o que mais importa é como o bem-estar dos filhos, como eles se relacionam socialmente e de que forma tratam o outro.
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