Escola das Famílias

Escola das Famílias | Empatia e Cooperação

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Vivemos em um tempo de muita abundância: temos hoje mais informações, longevidade, liberdades e acesso a bens inimagináveis há décadas atrás. Com o avanço dos procedimentos estéticos e mais informações sobre qualidade de vida, podemos dizer que estamos até mais bonitos do que há cinquenta ou cem anos atrás. Em alguns campos e áreas, de fato, os avanços não chegaram a todos ainda. Há desigualdades importantes em nossa sociedade e precisamos todos estar sensibilizados a isso, e dentro de nossas possibilidades contribuir de alguma forma para um mundo melhor a todos. 

Mesmo diante de todos esses dados de avanços sociais, o índice geral de felicidade em diversos países não vem aumentando, muito ao contrário. É fácil perceber que perdemos muito em saúde mental e estamos sim menos felizes do que poderíamos diante de todas as benesses citadas. 

Um dos grandes motivos para isso, mas com certeza não o único, é que hoje observa-se, por exemplo, uma perda de mais de 40% nos níveis de empatia no High School norte-americano, para citar dados recentes. No Reino Unido, pesquisas apontam mais do que o dobro de incidência de comportamentos antissociais entre os jovens nos últimos anos. Sarah Konrath (Universidade de Indiana) indica esses dados preocupantes nos fazendo um importante alerta: os valores de nossa cultura precisam ser urgentemente revistos, afinal, não há motivos para pensar que em nossa realidade os dados sejam diferentes. 

Os valores nos definem, nos orientam e nos posicionam diante do mundo, e por isso, é essencial cultivar dentro de casa, no condomínio, na hora de estacionar um carro, na hora de levar um filho à escola, nas situações mais simples do dia a dia, aquilo que precisamos urgentemente resgatar: nossa empatia.  

Imagine a seguinte cena: uma mãe esbraveja com o porteiro do prédio, exigindo que seu filho possa jogar bola no hall do edifício porque, afinal de contas, segundo ela, ele precisa se sentir livre para se expressar e ela não gosta de frustrá-lo. Qual o problema disso? Ao prometer uma bolha narcisista para sua família, essa mãe deixa de notar que os espaços públicos precisam sim ter regras que sirvam a todos e há comportamentos diferenciados quando estamos em uma igreja, em uma quadra de esporte, na sala de aula ou no hall do prédio. Ao ver sua própria mãe gritando com um funcionário onde moram, essa criança pode incorporar a crença de que o mundo tem que se curvar aos nossos desejos, o que é o oposto da empatia. E por que precisamos tanto dela? Simplesmente porque para sermos felizes, para vivermos bem, necessitamos uns dos outros. Não há sucesso, não há saúde, não há projeto de vida que prescinda da cooperação entre as pessoas.  

Assim, concluo com um lembrete e um convite: o mundo se torna perigoso e triste quando passamos a amar as coisas e usar as pessoas, que é o contrário do que realmente deveria acontecer. Fica então o convite para que em um mundo onde tantos procuram ser importantes, notados, vistos, admirados e bajulados, tenhamos a coragem de reconhecer que o que faz mesmo a vida valer a pena é nos importarmos uns com os outros. Atitudes simples de bondade, doçura, gentileza, delicadeza denotam mais do que empatia, denotam nossa humanidade. Aceita o convite? Vamos seguir juntos? 

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