Ouvir o que os pequenos têm a dizer e conversar abertamente sobre o assunto contribui para o desenvolvimento do senso crítico
Notícias sobre a guerra na Ucrânia e outros conflitos armados ao redor do mundo podem ser angustiantes para as crianças. Os pais certamente falam sobre o assunto em casa, mas qual é a melhor maneira de abordar o tema com os filhos?
É importante lembrar que, na maioria dos casos, crianças pequenas costumam reagir à angústia de seus pais. Por isso, é bom estar atento às suas próprias emoções quando se fala sobre a guerra. Se a criança quiser saber mais sobre o tema, seja breve e honesto com suas respostas, valide os sentimentos e medos dela e assegure que estão seguros. Também é uma boa ideia limitar sua exposição aos noticiários.
Qual é a melhor forma de explicar a guerra para as crianças?
Mesmo que seja um tema pesado, o assunto não deve ser ignorado pela família. “As crianças estão sempre de antena ligada em tudo que acontece ao redor. Por isso, os pais devem ouvir os filhos e passar a eles as informações adequadas”, explica a coordenadora do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, do Colégio Marista Arquidiocesano, Lilian Gramorelli.
Os pais devem estar atentos para que as informações estejam em uma linguagem de fácil compreensão. Também é essencial respeitar a inteligência das crianças e permitir que elas formem sua própria opinião.
“O diálogo entre pais e filhos é extremamente fértil para o desenvolvimento de uma cultura de paz. Este momento é uma oportunidade de explicar para os filhos o que são as guerras e o impacto que elas trazem para a humanidade ”, acrescenta Lilian. Ouvir o que os pequenos têm a dizer ainda contribui para o desenvolvimento do senso crítico.
O que fazer quando as crianças sentem medo da guerra?
As crianças podem ter diferentes reações diante da guerra, mesmo que não tenham sido expostas ao noticiário e imagens do conflito. Isso porque, na infância, os filhos pequenos reagem muito à angústia que seus pais sentem.
Por isso, é essencial que você tente monitorar suas próprias emoções quando seu filho estiver junto. Isso pode ajudar a tranquilizá-lo de trazer o sentimento de segurança. Para evitar ansiedade, estresse e medo nas crianças, uma das melhores atitudes é limitar a exposição delas a eventos violentos nos noticiários.
6 formas de falar sobre guerra com seu filho pequeno:
- Seja breve e tranquilizador. Quando o filho demonstrar preocupação e medo e perguntar sobre a guerra, garanta que estão seguros, assim como amigos e o resto da família. “Estamos todos bem, e vamos ficar bem” são palavras importantes para as crianças ouvirem.
- Valide seus sentimentos. Os sentimentos de seu filho são reais e é importante que eles sejam capazes de se expressar. Para trazer tranquilidade você pode acolher esses sentimentos, dizendo que compreende que ele está preocupado, mas que isso está acontecendo muito longe – do outro lado do mundo.
- Fale sobre o assunto quantas vezes precisar. É comum que crianças façam as mesmas perguntas repetidamente. Eles ainda não entendem totalmente a questão do tempo e podem se surpreender do porque a guerra não termina.
- Não introduza o assunto, caso a criança não tenha percebido o que está acontecendo. É aconselhável evitar expor as crianças a eventos assustadores nos noticiários. Por isso, se você tem certeza de que o seu filho não ouviu muito sobre a guerra, não force o assunto com ele.
- Use segurança não-verbal. As crianças demonstram níveis de ansiedade por meio de brincadeiras, padrões de sono e alimentação. Choro excessivo ou mudanças de comportamento também podem indicar que algo não anda bem. É importante também reagir de forma não-verbal por meio de abraços e carinho. A rotina ajuda a reforçar a sensação de segurança.
- Confie na sua capacidade de ajudar. Limitar o acesso a notícias sobre guerra, manter a rotina familiar e encontrar maneiras concretas de ajudar as pessoas diretamente afetadas (como se envolver em doações e contribuir com campanhas humanitárias) é uma forma útil de ajudar. Isso ainda ajuda o seu filho a canalizar os sentimentos para algo positivo, trabalhando a resiliência e espírito colaborativo.
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