Consumir de forma consciente é um aprendizado que traz reflexos para toda a vida
Escapar dos pedidos das crianças por algum brinquedo ou doce é um verdadeiro desafio para muitas famílias. Afinal, os pais querem sempre o melhor para o filho, mas será que isso significa atender a todos os pedidos? Consumir de forma consciente é um aprendizado importante que traz reflexos para toda a vida e, mesmo diante de uma possível birra, às vezes é preciso dizer não.
O consumismo na infância é altamente influenciado pela publicidade, à qual as crianças têm acesso por meio da TV e da internet. A função de controlar os conteúdos que o filho está acessando é primeiramente dos pais, porém, também cabe às empresas a responsabilidade do que está sendo veiculado.
Consequências do consumismo na infância
Diversas pesquisas comprovam que a publicidade impacta o desenvolvimento de crianças e adolescentes, gerando efeitos socioambientais negativos. O meio de maior acesso é a internet, frequentado diariamente por 75% das crianças brasileiras, segundo pesquisa realizada pela TIC Kids Online 2018.
“A publicidade traz o valor monetário, o ter em detrimento do ser. Outra consequência é a formação moral do sujeito, que diz respeito a quais valores queremos passar”, ressalta Raquel Franzim, coordenadora da área de educação do Instituto Alana.
Ela lembra que é importante pensar em que tipo de sociedade estamos criando com o consumo desenfreado, e como as famílias podem ajudar a reduzir o consumismo.
Quais são os problemas da publicidade para as crianças?
Raquel salienta que cabe às famílias cobrarem das empresas medidas de controle para publicidades abusivas. A coordenadora reconhece que, muitas vezes, é um desafio identificar anúncios em canais infantis, já que muitas vezes, são conteúdos travestidos de entretenimento.
“Os influenciadores mirins, por exemplo, têm um papel decisivo para induzir as crianças, e muitas vezes traz pistas de que se trata de publicidade disfarçada. Outro indício é quando a promoção aparece como unboxing”, afirma.
O unboxing é um termo que se refere ao ato de desembrulhar um produto da caixa, muito comuns em vídeos destinados às crianças.
A TNS, instituto de pesquisa que atua em mais de 70 países, divulgou em setembro de 2007, dados que mostram que o consumismo infantil é impulsionado principalmente por produtos e serviços associados a personagens famosos, brindes, jogos e embalagens chamativas. Outra forte influência é exercida pelo meio que a criança frequenta.
Como evitar esse consumismo?
“É necessário o acompanhamento dos pais como em qualquer etapa da vida. Assim como não deixamos uma criança andar sozinha pela cidade, não podemos permitir que ela acesse a rede desacompanhada, ela precisa de orientação da família”, alerta Raquel.
Muitos pais se queixam, por exemplo, do tempo que os filhos passam em frente à TV, mas isso não é à toa. Alguns programas, explica, são feitos para capturar a atenção da criança e fazer com que ela fique refém da tela. Por isso, a responsabilidade não é somente da família, mas também das empresas que promovem esse entretenimento.
“No ambiente digital o nosso direito precisa ser garantido, privilegiando conteúdos e plataformas que sejam produzidos considerando os direitos das crianças”, aconselha.
Manter o equilíbrio é o melhor caminho para reduzir o incentivo ao consumismo. Para isso, indica Raquel, o tempo de acesso aos meios digitais não pode concorrer com outras atividades de lazer e convivência em áreas livres, longe dos estímulos e de brinquedos prontos. O equilíbrio é de extrema importância para garantir que as crianças tenham experiências livres e ricas em aprendizagens.
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