Manter o vínculo com outras crianças ajuda a manter a saúde emocional, por isso o isolamento causado pela pandemia pode afetar o desenvolvimento na infância
Há um ano em uma rotina marcada pelo isolamento social, uso de máscaras e lavagem frequentes das mãos, todos sofremos os impactos da pandemia de diversas formas. No caso das crianças, as mudanças foram muito bruscas: distante da escola, dos amigos e familiares, esse cenário influenciou até mesmo o desenvolvimento.
O distanciamento social modificou a rotina das crianças, causando estranhamento e diminuindo a convivência com amigos da mesma idade, além de dificultar o acesso a brincadeiras ao ar livre e espaços coletivos que contribuem com o desenvolvimento psicossocial e motor.
Como o isolamento afeta as crianças?
A pandemia pode impactar no aumento do nível de estresse, ansiedade, irritabilidade, causar dependência excessiva, prejudicar a qualidade do sono, aumentar a agitação, e transformar alguns comportamentos. Outro impacto significativo, ressalta a psicóloga do Marista Escola Social Santa Mônica, de Ponta Grossa (PR), Nájila Cristina Camargo, é que o distanciamento amplia a dimensão individualizada e diminui as vivências compartilhadas, podendo dificultar no aprender a dividir, negociar e resolver conflitos.
Porém, vale lembrar que o distanciamento social como método de proteção e prevenção é algo atípico em nossas vidas, e por mais que deixe marcas, também traz novas aprendizagens. A valorização do relacionamento familiar é uma delas.
Como promover uma rotina saudável para as crianças?
Neste momento, o mais importante é investir nas relações de afetividade, descobrindo de quem as crianças têm saudade e criando maneiras para estabelecer a comunicação com essas pessoas.
E no caso de filhos únicos, como lidar?
Existe um imaginário de que filhos únicos são solitários, mimados e têm dificuldades na socialização, porém, embora a configuração familiar seja mais restrita e não haja a relação com irmãos, ser filho único não é um problema.
Neste caso, Nájila orienta que haja o contato da criança com outros modos de vida, organizações e características, para além do âmbito familiar. A família pode, por exemplo, inserir filmes, desenhos, livros que abordem outros pontos de vista, além de construir estratégias para aproximação e construção de amizade do filho com outras crianças. O acolhimento, escuta, apoio e diálogo são fundamentais.
Veja dicas de como manter a saúde emocional dos filhos:
1. Mantenha vínculos: o contato com outras crianças é muito importante e pode ser feito por meio de vídeo chamadas, contato telefônico, cartinhas, bilhetes, mensagens em redes sociais, sempre com a supervisão de pessoas adultas.
2. Seja criativo: inventar e estimular brincadeiras e jogos que permitam a interação fazem a diferença no cotidiano. Algumas sugestões são mímicas, caça ao tesouro, C ou S, stop, entre outros.
3. Crie uma rotina: horários são importantes para as crianças, por isso, organize uma hora de dormir, acordar e fazer as refeições. Isso traz um sentimento de segurança. As refeições feitas em família também são um bom momento para estar junto e promover a união.
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