Primeiramente, é preciso distinguir uma escola bilíngue de uma escola internacional. A escola bilíngue é aquela em que os alunos seguem o currículo brasileiro, o qual exige o Inglês como língua estrangeira, e oferece aulas extras das disciplinas comuns como Matemática, Ciências, etc., também em inglês. Já a escola internacional segue um currículo estrangeiro, geralmente americano ou britânico, em que todas as disciplinas são lecionadas em Inglês, o calendário é idêntico ao do país regente (com o ano letivo começando em agosto e cujos alunos se formam com diploma estrangeiro.
Estas escolas surgiram a partir da necessidade de filhos de cônsules e outros portadores de cargos governamentais estrangeiros que se mudaram para o Brasil temporariamente. As primeiras escolas bilíngues brasileiras surgiram há mais de uma década e hoje são uma realidade em todo o território nacional. Elas possibilitam que os alunos tenham contato com o idioma alvo de forma mais natural e orgânica e, assim, o inglês começa a fazer parte da vida escolar como o português.
O resultado disto é uma maior motivação e identificação com a língua, o que antes só era possível através de cursos de idiomas, classificados como cursos livres. Porém, estes acabam se distanciando da rotina escolar das crianças e adolescentes, passando a ser mais uma obrigação imposta pelos pais, e por isto, muitas vezes, rejeitada pelos filhos.
O MEC não regulamenta e nem fiscaliza escolas com currículo bilíngue no Brasil, o que resulta em diferentes ofertas de currículo desse tipo. Sendo assim, as escolas de maior sucesso são aquelas que promovem a imersão completa dos alunos no idioma alvo, proporcionando não só acesso à língua, mas à cultura e à literatura do país nativo.
De acordo com a especialista em educação bilíngue Érika Varaschin, os pais devem optar por escolas bilíngues que possuírem professores altamente qualificados tanto no idioma, quanto neste tipo de educação. “É muito comum que qualquer pessoa que morou no exterior por um certo tempo seja professor de inglês de cursos de idiomas. Porém, um bom professor bilíngue precisa ter formação e fluência adequados para tal.”
Érika explica que o universo de ensino bilíngue é desafiador, porém igualmente compensador. Como a maioria das escolas bilíngues adotam este currículo a partir da Educação Infantil, as crianças se adaptam facilmente às novas aulas de inglês, e o professor precisa estar bem preparado para garantir uma imersão inclusiva e gradual aos alunos. “O professor precisa ser paciente e empático com seus alunos, principalmente nos primeiros dias de contato com o currículo bilíngue. Treinamentos e formação adequados prepararão este profissional para lidar com o amplo potencial de aprendizagem dos alunos, ao mesmo tempo que devem acalmar e diminuir a ansiedade dos pais por resultados imediatistas.”
Muitos pais esperam que os filhos comecem a falar inglês em casa de um dia para o outro, porém, se não houver comunicação dos pais com a criança em inglês, é natural que eles só se comuniquem na língua alvo quando estiverem na escola. “A criança, principalmente nos anos iniciais da Educação Infantil, não sabe distinguir o inglês do português quando inserida em um currículo bilíngue de verdade. É como se a ela pensasse ‘por que meu pai quer que eu responda diferente da forma com que ele fala comigo?’ Por isto os pais devem aprender a se comunicar em inglês com seus filhos para acompanharem o desenvolvimento destes no currículo bilíngue”, afirma Érika.
A especialista ainda faz algumas previsões quanto às gerações que hoje estão inseridas em escolas bilíngues e sua entrada no mercado de trabalho. “Finalmente poderemos ter estudantes universitários com fluência suficiente para ler e produzir textos acadêmicos em inglês, uma juventude produtiva que poderá assumir cargos onde há uma demanda pelo uso da língua inglesa nos negócios e nas comunicações, mas que antes poucos poderiam se arriscar nelas. O turismo em nosso país poderá aumentar significativamente, atraindo ainda mais visitantes estrangeiros que poderão se sentir bem acolhidos por conseguirem se comunicar em inglês em todos os lugares por onde forem. E por fim, acabaremos de vez com o mito de que só se aprende inglês de verdade quando se mora fora do país”, complementa.
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