Muitas pesquisas já existem para investigar a relação entre a dieta alimentar com o desenvolvimento cognitivo de crianças e adolescentes. As descobertas geralmente são pertinentes aos mecanismos físicos e químicos acionados por determinados nutrientes que podem afetar o desenvolvimento físico (como visão, audição, etc), cognitivo (concentração, memória, etc) e comportamento (hiperatividade). Mas só agora os pesquisadores têm direcionado seu foco em estudar o impacto da nutrição na performance escolar.
Um estudo recente realizado em algumas escolas públicas do estado da Califórnia, EUA, mostrou que nas escolas que oferecem um lanche mais saudável, as notas dos alunos foram mais altas nos testes de fim de ano. Além disto, esta pesquisa também provou que os lanches mais saudáveis custam menos para estas escolas, ou seja, quando o fator nutricional é adequado, qualidade vale mais que quantidade.
Entretanto, os especialistas alertam para o fato de que é muito mais difícil mudar os hábitos alimentares do que formá-los, e confirmam que o período crítico para a ampliação do paladar das crianças acontece nos dois primeiros anos de vida. Se os filhos aprendem a comer o que seus pais comem, e quando vão para a escola eles têm acesso a algo diferente, mas não estão acostumados a comer de forma saudável, é óbvio que a resistência será bem maior.
Karen Le Billon, professor de estudos ambientais convidado na Universidade de Stanford, Palo Alto, Califórnia, e autor do livro “As Crianças Francesas Comem de Tudo”, afirma que na França a educação alimentar das crianças é sobre moderação. Ele afirma que a maioria dos franceses não têm ideia sobre o valor calórico do que comem, e sua atitude em relação à gordura natural encontrada em manteigas e queijos é a de que “se é gostoso, por que não comer?”.
Portanto, o que faz a diferença entre países com baixo índice de obesidade, como na França, Japão e Itália, e a maioria dos outros países como o Brasil e os EUA, é que nós praticamos a cultura do exagero, do desperdício. Nossas más escolhas afetam diretamente a forma com que nossos filhos se relacionam com a comida, esquecendo completamente de sentir o que seus organismos precisam para continuar saudáveis.
Enquanto isto, as escolas também devem fazer seu dever de casa. E pensando nisto, o Ministério da Saúde elaborou um Manual das Cantinas Escolares Saudáveis em 2010 para as escolas de Brasília, com o objetivo de orientar os condutores e donos de cantinas escolares a oferecerem um cardápio mais saudável aos estudantes brasileiros. De forma geral, é sugerido que os alunos tenham acesso à mais frutas, sucos naturais e alimentos com menos sódio e gordura, o que reduz o leque de opções irresistíveis de frituras, doces, refrigerantes e lanches industrializados, fazendo com que os jovens acabem cedendo aos alimentos saudáveis quando a fome bater.
Seja em casa ou na escola, é preciso criar hábitos que favoreçam uma vida mais saudável, plena e duradoura, e está cada vez mais claro que a escola e a família precisam trabalhar juntas para alcançarem este objetivo.
Fontes: Brookings, The New York Times.
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