Promover espaços de diálogo pode ajudar as crianças a contarem sobre situações desagradáveis
O bullying é caracterizado como uma forma de violência, uma ação contínua e sistemática de depreciação, que causa uma série de prejuízos emocionais e psicológicos em quem é vítima. Basicamente, pode ser traduzido como uma ação, ato, palavra ou qualquer manifestação que faz o outro se sentir humilhado. Essa conduta pode resultar em segregações e discriminações motivados por determinadas características, comportamentos e condições.
Ao invés de tentar procurar apenas sinais de que uma criança ou adolescente pode estar sendo vítima ou autores de bullying, o psicólogo Pedro Braga Carneiro aconselha a exercer uma escuta atenta e sincera, proporcionando espaços de diálogo para oferecer a oportunidade de os filhos contarem sobre as experiências com os colegas.
Sem rótulos
O psicólogo argumenta que é preciso fugir do paradigma de identificação, como se fosse possível procurar sinais que nos leve a descobrir uma situação de bullying.
“O comportamento das crianças e adolescentes são absolutamente subjetivos, por isso é um erro achar que podemos inferir as causas de uma palavra, de um silêncio ou de uma mudança de conduta”, afirma.
Por isso, uma escuta acolhedora, interessada e sem julgamentos vai ajudar a criança a contar o que está acontecendo. Por meio dessa escuta, ela pode resignificar a experiência e sentir-se mais segura para lidar com as situações que podem estar provocando esse sofrimento.
O psicólogo reforça que, dependendo da faixa etária, a criança nem mesmo se dá conta do que está acontecendo à sua volta. Além do diálogo franco e frequente, é interessante criar espaços de observação, participar das rotinas e, assim, ajudá-la a perceber se está sendo vítima ou autor, até porque, muitas vezes, ela pode sofrer e praticar o bullying.
Papel da escola
Neste contexto, a escola não deve ser passiva, ou seja, esperar que aconteça alguma manifestação para fazer alguma ação de enfrentamento ou acolhimento. Carneiro recomenda que a sejam organizados fluxos em que as professoras e professores sejam convidados a refletir sobre o cotidiano das turmas e também sejam ouvidos sobre as dinâmicas das relações, e não somente sobre notas ou proficiência dos estudantes.
“Além disso, a escola pode elaborar estratégias transversais ao currículo para ajudar as crianças a praticarem a empatia, a alteridade, o respeito à pluralidade e à diversidade humana. Trabalhar em duplas ou grupos praticando atividades que favoreçam a escuta e a percepção do outro são muito benéficas”, enfatiza o psicólogo.
Como forma de ajudar, mães, pais ou responsáveis podem ensinar os filhos a serem menos agressivos, praticando alteridade e empatia no convívio familiar, já que as crianças aprendem muito pelo exemplo.
“Estimular e praticar a convivência com diferentes grupos de pessoas, estimular o respeito às diferenças e a pluralidade de referenciais vão ajudar na construção do seu olhar para o mundo e para o outro”, aconselha o psicólogo.
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