Conversar sobre assuntos difíceis e delicados com as crianças pode ser um desafio para os pais. No entanto, assumir uma postura proativa, ser um bom ouvinte e utilizar uma linguagem apropriada para a idade pode ajudá-las a se sentirem mais seguras e protegidas. Ao abordar abuso sexual, esse diálogo é ainda mais importante.
Além disso, é importante lembrar que as crianças são um grupo altamente vulnerável na sociedade e, como resultado, estão sujeitas a diversos tipos de violência, como o abuso sexual. Por isso, é crucial trazer visibilidade a esse tema para conscientizar a sociedade e incentivar a criação de políticas públicas para proteger crianças e adolescentes.
É importante conversar com as crianças sobre abuso?
A psicóloga do Marista Social Ecológica, Bianca Ferreira Larangeira, ressalta que é essencial conversar e orientar sobre abuso sexual, afinal, o diálogo é sempre a melhor forma de lidar com qualquer assunto, mesmo os mais difíceis.
“Também é importante orientar a criança desde pequena sobre o próprio corpo, ouvi-la com atenção, validar os seus sentimentos e respeitar quando ela não gosta de alguém”, afirma.
Além disso, os pais devem sempre orientar os filhos a respeito de limites. Por exemplo, sobre os cuidadores que podem ter acesso ao corpo da criança e quem pode ajudar com o banho e nos cuidados higiênicos.
Também é fundamental ensinar sobre quais são as partes íntimas, orientá-la a pedir ajuda, a não manter segredos e estabelecer a confiança necessária para que ela possa se abrir com os pais.
No caso dos adolescentes, é importante orientá-los a não aceitar nada que lhes traga incômodo. Ao mesmo tempo, é essencial ensinar sobre uso adequado e seguro da internet. “O papel da família é de orientar o adolescente a tomar alguns cuidados para que ele não se coloque em situações de risco”, explica Bianca.
Nesta idade, também é possível começar uma conversa mais avançada sobre o assunto. A psicóloga lembra que a educação sexual deve estar presente no dia a dia, assim como orientações sobre os tipos de violência sexual. “Acima de tudo, a família deve tratar esses temas com naturalidade, para que não se tornem tabu”, aconselha.
Outro aspecto importante é a família saber identificar e reconhecer sinais de alerta como isolamento excessivo, marcas físicas, a criança esconder o próprio corpo, queda no rendimento escolar, mudanças bruscas de comportamento e humor, autolesões, medo de familiares ou de pessoas próximas.
Portanto, falar sobre abuso sexual com crianças e adolescentes é fundamental por diversas razões, como:
- Proteger a criança: falar sobre abuso sexual ajuda a criança a entender que toques indesejados e inapropriados são errados e que ela tem o direito de dizer “não”. Isso pode ajudar a protegê-la de abusos sexuais e a tomar medidas preventivas para evitar que isso aconteça.
- Dar suporte emocional: se uma criança sofreu abuso, é importante que ela saiba que não está sozinha e que há adultos em quem pode confiar. Conversar sobre o tema pode ajudá-la a se sentir segura para falar sobre isso e buscar ajuda, o que é fundamental.
- Preparar para situações desconfortáveis: conversar sobre abuso sexual pode ajudar a criança a reconhecer circunstâncias desconfortáveis. Também pode prepará-la para lidar com situações em que ela se sinta ameaçada ou vulnerável.
- Ensinar sobre limites: falar sobre abuso sexual pode ajudar a criança a entender a importância de respeitar os limites dos outros e de pedir consentimento antes de tocar em alguém. Isso pode ajudar a criar uma cultura de respeito mútuo.
- Reconhecer situações ameaçadoras: quando as crianças são educadas sobre o abuso sexual, elas têm mais chances de reconhecer situações perigosas e pedir ajuda.
Campanhas
Algumas campanhas podem ajudar a informar e mobilizar a sociedade no enfrentamento à violência sexual de crianças e adolescentes.
Uma delas é a Campanha Defenda-se, criada pelo Centro Marista de Defesa da Infância, que promove a autodefesa de crianças contra a violência sexual por meio de uma série de vídeos educativos com linguagem acessível e amigável, apropriados para meninas e meninos entre 4 e 12 anos de idade.
Outra iniciativa é o Faça Bonito, uma campanha nacional de mobilização para o enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes. A campanha é convocada pelo Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, Rede Ecpat Brasil e parceiros.
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