O Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, celebrado em 18 de maio, é uma data de extrema importância para conscientizar a sociedade sobre a gravidade e a urgência de combater esse tipo de violência.
A violência sexual contra crianças e adolescentes é uma das formas mais graves de violação dos direitos humanos, que causa danos físicos, psicológicos e sociais graves e duradouros.
Para se ter uma ideia da gravidade do problema, dos 159 mil registros feitos pelo Disque Direitos Humanos ao longo de 2019, 86,8 mil são de violações de direitos de crianças ou adolescentes, um aumento de quase 14% em relação a 2018.
A data é uma oportunidade para que autoridades, organizações da sociedade civil e cidadãos em geral se unam em torno do objetivo de garantir que todas as crianças e adolescentes tenham uma infância segura e saudável.
Além disso, o dia também serve como um lembrete para que os pais, familiares, professores e outras pessoas que trabalham com crianças e adolescentes estejam sempre atentos aos sinais de abuso e exploração, e saibam como agir caso identifiquem algo suspeito.
Formas de violência sexual
O abuso sexual pode ser perpetrado por meio de ameaças físicas ou verbais, manipulação ou sedução. Em muitos casos, é comum que o agressor seja uma pessoa conhecida da criança ou adolescente, como familiares, vizinhos ou amigos.
O abuso sexual inclui um amplo leque de violências, alguns deles são:
– Assédio: pode ser expresso em forma verbal, não verbal ou física, é um comportamento indesejado de caráter sexual e intimidador.
– Abuso sexual verbal: ocorre quando o agressor utiliza palavras para falar sobre atividades sexuais de forma inapropriada e não consentida.
– Exploração sexual: é um termo empregado para nomear práticas sexuais pelas quais o indivíduo obtém lucros.
– Abuso sexual: toda ação que se utiliza da criança ou do adolescente para fins sexuais, seja com conjunção carnal ou outro ato libidinoso, realizado de modo presencial ou por meio eletrônico.
Contrariando o que muitas pessoas acreditam, o abuso sexual não depende necessariamente de contato físico. Existem diferentes formas de abuso que ocorrem sem contato físico, e é crucial que todos os indivíduos próximos à criança estejam atentos aos sinais.
A psicóloga do Marista Social Ecológica, Bianca Ferreira Larangeira, explica que essa forma de abuso pode acontecer, por exemplo, nas redes sociais, fóruns online e sites de jogos. Nesses ambientes, os abusadores acabam tendo oportunidades de se aproximar, muitas vezes se disfarçando como outras crianças ou adolescentes para não chamar a atenção.
Essa prática é conhecida como “grooming”, termo utilizado para definir o aliciamento de menores através da Internet, com o intuito de se buscar benefícios sexuais.
“Esse é um risco real e muito presente nos dias atuais e reforça a importância do trabalho de prevenção e orientação das crianças e adolescentes sobre segurança online”, ressalta.
Quais os sinais de alerta?
Antes de mais nada, é importante que a família saiba identificar e reconhecer sinais de alerta como isolamento excessivo, marcas físicas, a criança esconder o próprio corpo, queda no rendimento escolar, mudanças bruscas de comportamento e humor, autolesões, medo de familiares ou de pessoas próximas.
Para ajudar, a família precisa conversar e orientar, afinal, o diálogo vai ser sempre a resposta para várias dessas questões. “Também é essencial orientar a criança desde pequena sobre o próprio corpo, ouvi-la com atenção, validar os seus sentimentos e respeitar quando ela não gosta de alguém”, afirma a psicóloga.
Como orientar a criança?
Ao mesmo tempo que o diálogo é importante, os pais devem sempre orientar os filhos a respeito de limites. Por exemplo, sobre os cuidadores que podem ter acesso ao corpo da criança e quem pode ajudar com o banho e nos cuidados higiênicos.
Além disso, é fundamental ensinar sobre quais são as partes íntimas, orientá-la a pedir ajuda, a não manter segredos e estabelecer a confiança necessária para que ela possa se abrir com os pais.
“O abuso sexual é algo que deixa consequências para a vida e causam traumas reais com potencial muito destrutivo, afetando questões como a autoestima, uso abusivo de álcool e outras drogas, tentativa de suicídio, desajustamento emocional, depressão, ansiedade e sentimento de desvalia”, finaliza a psicóloga.
Campanhas
Algumas campanhas podem ajudar a informar e mobilizar a sociedade no enfrentamento à violência sexual de crianças e adolescentes.
Uma delas é a Campanha Defenda-se, criada pelo Centro Marista de Defesa da Infância, que promove a autodefesa de crianças contra a violência sexual por meio de uma série de vídeos educativos com linguagem acessível e amigável, apropriados para meninas e meninos entre 4 e 12 anos de idade.
Outra iniciativa é o Faça Bonito, uma campanha nacional de mobilização para o enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes. A campanha é convocada pelo Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, Rede Ecpat Brasil e parceiros.
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