Adolescência

Como estimular o interesse pela matemática?

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Mesmo sem nos darmos conta, a disciplina está presente no nosso cotidiano

Muitos estudantes torcem o nariz quando o assunto é matemática. Porém, mesmo que não percebam, essa disciplina está muito presente em nosso cotidiano: ao ver as horas, comprar pão ou no gerenciamento de finanças. Dificilmente você fará uma atividade profissional que não exija matemática ou raciocínio matemático.

Até mesmo profissionais que aparentemente nada têm de relação com matemática, usam esse conhecimento no seu dia a dia.

“Você já pensou na ação de um advogado? Ele usa um processo mental para construir uma argumentação que se assemelha muito em estrutura com o raciocínio formal em matemática: identifica um problema, analisa os fatos, combina evidências, traça um caminho, redige uma defesa baseada em argumentos consistentes para defender uma tese. Esse processo está todo pautado em lógica dedutiva”

Explica a diretora do Mathema, grupo de assessoria pedagógica em Educação Matemática, Katia Stocco Smole.

Aprender a disciplina não auxilia apenas em questões imediatas de aplicação direta de cálculos, medidas ou conhecimento de formas, mas desenvolve estruturas de pensamento potentes que são úteis sempre, em diferentes situações da vida pessoal, profissional e social.

Matemática da infância à adolescência

Conforme o aluno cresce, acontece uma mudança na sua motivação para o estudo em geral. A consultora em matemática da Diretoria Educacional da Rede Marista de Colégios, Janice Lima, lembra que nos Anos Iniciais é tudo muito lúdico, concreto, palpável, geralmente as atividades envolvem brincadeiras e jogos que são muito atrativos.

Mas de verdade, aprender por experiência será importante por toda a vida, o que muda é o tipo de experimentação e investigação a ser feito.

“Se bem conduzidos os alunos sempre aprenderão coisas novas e sentirão segurança em aprender matemática”

Neste sentido, é preciso entender a importância de aprender o que é adequado para cada idade certa porque, em matemática, as aprendizagens não feitas em um ano escolar terão impacto nos próximos. Por isso, a diretora do Mathema lembra da importância da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e da progressão que ela apresenta no desenvolvimento dos objetivos e habilidades previstos.

Uma das maneiras seria introduzir a história da matemática: como o conteúdo foi desenvolvido em anos anteriores? Quais eram as necessidades da época que fizeram com que essa questão fosse solucionada? Essa solução é única? Levou muito tempo para ser desenvolvida? A quais tecnologias os estudiosos da época tinham acesso?

Como tornar a aula de matemática mais atrativa

O desafio para tornar a aula de matemática mais interessante para os alunos inclui mudar a dinâmica em sala de aula, escolher bem a forma pela qual os conhecimentos serão apresentados e fazer a classe ser desafiada por problemas que sejam acessíveis, mas desafiadores. Assim, cria-se um clima de confiança, no qual é possível tentar, errar, recomeçar e dialogar a respeito do problema, analisando as diversas formas de resolução e desafiando os alunos a justificarem e argumentarem a respeito de suas soluções.

“O ambiente deve ser de diálogo, acolhida e reflexão”

Outra sugestão para envolver os alunos é aproveitar as possibilidades de trabalho em laboratório, utilizando materiais concretos para aplicar no desenvolvimento dos conteúdos.

Nesse ambiente, uma experiência de aprendizagem mais rica pode ser disponibilizada por meio do uso de recursos:

  • Réguas de variadas unidades de medida
  • Sólidos geométricos;
  • Elementos de comparação de unidades (metro, centímetro, milímetro, litro, mililitro, decímetro cúbico);
  • Trena;
  • Fita métrica;
  • Exemplos de polígonos e suas propriedades;
  • Mosaicos;
  • Planificação de sólidos;
  • Ábaco;
  • Torre de Hanoi;
  • Barrinhas Cuisenaire;
  • Geoplano;
  • Tangran.

Usando a matemática em outras disciplinas

Algumas áreas da matemática, como estatística e probabilidade, arte e geometria, favorecem a interlocução com outras disciplinas do currículo escolar. Há, ainda, a possibilidade de associar matemática com literatura infantil segundo um critério de interação entre duas aprendizagens muito complementares, em especial na Educação Infantil e Anos Inicias do fundamental.

São muitos os projetos que permitem estudar matemática relacionada com temas afins de outras áreas: geografia, economia, comunicação, arte, medicina e enfermagem.

“Mas há um outro lado: contexto não pode ser pretexto e interdisciplinaridade não é camisa de força”

Isso porque, alguns temas da matemática ficam melhor se explorados em contextos matemáticos, como é o caso da álgebra.

“Nesse caso, jogos, materiais manipulativos, aplicativos e jogos digitais podem ser importantes aliados nesse processo”

Por outro lado, com a chegada da BNCC e de sua indicação para o desenvolvimento integral dos alunos, Katia reforça que professores que ensinam matemática precisam ter olhos para o letramento matemático e os processos de resolução de problemas, comunicação, argumentação e investigação.

“Não é uma atividade em si que faz a matemática ter significado, mas o tipo de pensamento que ela provoca e o quanto se relaciona com criação, com envolvimento pessoal, com desejo de vencer desafios, com a possibilidade de fazer matemática. Esse é o principal cenário para que a aprendizagem aconteça”