Ficar sabendo que o seu filho sofreu – ou sofre – bullying é algo muito difícil para qualquer mãe e pai. Mas também pode ser muito desafiador e inesperado ouvir que o seu filho agiu de modo cruel com alguém. Em primeiro lugar, é preciso manter a calma e procurar saber exatamente o que houve. Por mais complicado que seja, a boa notícia é que existem estratégias eficazes para lidar com essa situação.
Quais as consequências do bullying?
Há pouco tempo atrás, o bullying era considerado inofensivo e até uma brincadeira. Mas essa prática vai muito além de algo saudável, pois afeta todos os envolvidos de diferentes maneiras. Inclusive, quem pratica o bullying pode estar reproduzindo algum sofrimento, comportamento ou demonstrando um sinal de alerta.
“Quem está praticando pode estar demonstrando raiva, dor, pouco conhecimento sobre seus sentimentos , ausência de empatia, necessidade de mostrar poder e outras questões. Já quem sofre pode desencadear uma série de questões psicológicas e até biológicas”, explica o psicólogo Diego Palma de Castro, especialista em projetos educacionais do Grupo Marista.
Ou seja, o bullying é uma forma de violência que impacta a criança e o adolescentes em questões que respingam diretamente no seu desenvolvimento, como:
- Autoestima
- Ansiedade
- Depressão
- Fobia social
- Ideação suicida
Além disso, dificulta a formação de vínculos de confiança, a capacidade de aprendizagem e pode causar distúrbios alimentares, depressão, entre várias outras questões psicológicas e sociais.
Entre as graves consequências, essa prática impacta na autoestima, fazendo com que crianças e adolescentes mudem o seu modo de se vestir e não gostem do seu corpo. Ainda é possível encontrar crianças e adolescentes que sofrem com doenças psicossomáticas por conta do bullying.
“Então, mesmo que muitas pessoas afirmem que o bullying é uma brincadeira, é nítido que as consequências vão na contramão desse discurso simplório e impactam todos os envolvidos e em diferentes áreas do desenvolvimento humano”, ressalta o especialista.
Como identificar se o seu filho está praticando bullying?
Primeiramente, é importante entender que o bullying é uma forma de comportamento agressivo em que alguém, intencional e repetidamente, causa danos ou desconforto a outra pessoa. Essa violência pode ocorrer com contato físico, agressões verbais, pela internet (cyberbullying) ou até em ações mais sutis e corriqueiras do dia a dia.
Entretanto, é importante reforçar que essa prática afeta todos os envolvidos. Quem é vítima pode se isolar, evitar vínculos sociais, evadir da escola e até mesmo diminuir o rendimento escolar. Caso pratique o bullying, a criança pode estar buscando aceitação do coletivo, querer demonstrar poder e que algo não está indo bem e consequentemente podeo se distanciar da família e amigos.
“Uma outra questão que está implícita no bullying é o poder, visto que a prática acaba exercendo esse papel sobre a vítima e isso faz com que os outros tenham respeito, mesmo que seja reforçado pelo medo e consequentemente a vítima pode praticar com outras pessoas”, observa Diego.
Como orientar o filho sobre o bullying?
Diante disso tudo, é fundamental reforçar a importância do respeito e empatia para as crianças e adolescentes. Isso porque, normalmente, a prática costuma se respaldar no desejo de se mostrar corajoso em desqualificar a atitude dos outros, julgar, ridicularizar e não demonstrar sensibilidade com o sofrimento alheio.
O especialista ressalta que, independente da posição que a criança e o adolescente ocupe na situação de bullying, ambos os casos podem ocorrer devido à ausência de conhecimento sobre seu aspecto emocional.
Podem respaldar , por exemplo, nas seguintes questões: exclusão escolar, violência familiar, ter históricos de traumas, ser estimulado por familiares, desejo de ser escutado ou reconhecido, omissão/abandono e até pode ser um pedido de ajuda”, sinaliza.
É importante ressaltar que não existe um padrão para identificar quem pratica o bullying. Porém, alguns comportamentos podem ajudar a tentar identificar se isso está acontecendo ou não. Confira alguns pontos de atenção:
- A criança ou o adolescente demonstrar comportamentos arrogantes com os adultos, colegas e em diferentes ambientes;
- Evitar de demonstrar empatia por situações do dia a dia;
- Frequentes discursos de ódio sobre as diversas situações do seu convívio;
- Começa a falar palavras e ofensas que não são comuns no contexto familiar;
- Resistir para pedir desculpas ou aceitar que estava errado em alguma situação;
- Não demonstrar arrependimento quando faz algo equivocado;
- Se irrita e perde o controle com facilidade e por qualquer motivo;
- Faz comparações do tipo “o meu é melhor”, “fulano é parecido com tal coisa” e entre outras;
- Se diverte com situações embaraçosas;
- Recorre ao uso da força por qualquer razão e com qualquer pessoa;
- Demonstra preocupação excessiva com a aparência;
- Faz piadas com personagens da televisão;
Atenção: esses são sinais de alerta e não servem para diagnosticar ou ter certeza que a pessoa pratica bullying.
“A melhor forma de descobrir com toda certeza é ampliar a sua participação na vida escolar da criança e do adolescente, se aproximar de amigos e colegas, conversar sobre empatia, sentimento e emoções, manter um diálogo sincero e honesto, demonstrar apoio e nunca incentivar a prática do bullying e da violência”, finaliza.
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