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Importância de falar sobre saúde mental nas escolas

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A saúde mental é um assunto que ganhou muita projeção nos últimos anos. O relatório recente da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostrou que quase um bilhão de pessoas no mundo sofrem com algum transtorno mental, sendo 14% deles crianças e adolescentes de 10 a 19 anos. Nos últimos anos, sobretudo no cenário pós-pandemia, os índices de casos de depressão e ansiedade aumentaram 25%. 

Esses dados convidam toda a sociedade a falar abertamente sobre a importância da saúde mental e ampliar os cuidados e a atenção, especialmente ao público mais jovem. 

No entanto, em meio a tudo isso, ainda existem muitos tabus e dificuldades na forma de como abordar esse assunto. Todavia, gerar mais conscientização e acolhimento sobre o tema é essencial, por isso que o debate sobre saúde mental nas escolas precisa acontecer. 

Neste artigo, vamos falar sobre a importância de tratar desse tema nas instituições de ensino e como as escolas podem lidar com esse tema para ajudar a cuidar melhor da saúde mental de crianças e adolescentes. 

Por que é importante falar sobre saúde mental nas escolas? 

Sensações de angústia, tristeza profunda, ansiedade e pânico, por exemplo, deixaram de ser questões que giravam em torno da vida adulta. Há tempos, essas emoções têm aparecido de forma pungente no dia a dia de crianças e adolescentes. 

Se a vida emocional dos estudantes é parte fundamental da sua formação, a conversa sobre saúde mental não pode ficar fora das escolas. A escola é cenário importante para socialização de crianças e adolescentes e o lugar onde muitas delas passam a maior parte do seu tempo. 

Considerando isso, existem aspectos do ambiente escolar que também colaboram para mobilizar o sofrimento emocional, como bullying, conflitos, estresse com relação ao desempenho escolar e outros. 

Por ser um espaço de coletividade por excelência, a escola é um ambiente propício para trabalhar o tema da saúde mental. Hoje em dia muitas instituições de ensino estão mais conectadas com a ideia da formação integral e o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, e a saúde mental é uma parte integrante desse processo. 

Por isso, mais do que nunca, a escola precisa ser um espaço que se fundamente em uma educação humana, comprometida com a formação de cidadãos e abraçando todos os estudantes, suas subjetividades e particularidades únicas. 

Quais são sinais de alerta que educadores podem identificar nos estudantes? 

Promover um ambiente acolhedor e de cuidado é um dos passos fundamentais para praticar saúde mental nas escolas tanto para os alunos como para todos os membros da comunidade escolar.  

Para isso, existem alguns sinais que profissionais da educação devem observar e acompanhar, como: 

mudança repentina de comportamento

  • mudança no padrão alimentar; 
  • isolamento dos colegas e dos demais; 
  • mutilação e autolesão; 
  • alteração no sono
  • apatia; 
  • queda no rendimento escolar; 
  • agitação fora do comum; 
  • aumento na frequência de faltas; 
  • baixa autoestima

Considerando esses sinais que listamos, vale a pena também considerar três aspectos relacionados a eles: 

  • Persistência e constância: esses comportamentos observados são pontuais ou podem ser observados de forma persistente. Por exemplo, chorar é algo que pode acontecer, todos podem sentir vontade de chorar. Contudo, ter crises de choro diárias ou semanais pode ser um sinal de alerta; 
  • Efeitos: quais são os prejuízos e consequências que esse comportamento deflagra? Por exemplo, mudanças no padrão alimentar estão causando um emagrecimento excessivo? A agitação gera agressividade com os colegas? 
  • Nível de sofrimento: a dor emocional é algo subjetivo e impossível de mensurar ou comparar. Portanto, vale a pena perguntar para o estudante e tentar entender a intensidade do seu sofrimento. 

Como falar sobre saúde mental nas escolas com crianças e jovens de forma responsável e acolhedora? 

Existem algumas práticas que podem ajudar ainda mais a potencializar esse debate e torná-lo mais produtivo e efetivo. Confira a seguir. 

Prepare a equipe 

Em um gancho com o tópico acima, para gerar conscientização sobre o tema e promover uma cultura de saúde mental nas escolas, é preciso, primeiramente, capacitar a equipe, fornecendo informações de qualidade ou oportunidades de aprendizagem, como cursos, e prepará-los para estarem atentos e observar sinais de alerta. 

Para tal, é preciso equipá-los com conhecimento e ferramentas e garantir que a escola é um espaço que promove: 

  • escuta atenta, sensível e interessada; 
  • privacidade e respeito para que o aluno se sinta à vontade para falar; 
  • legitimação do sofrimento que é apresentado, sem julgamentos, conselhos, suposições e diagnósticos. 

Trabalhe o tema na sala de aula 

Conforme comentamos, a saúde mental ainda é vista como um tema tabu. Essa mentalidade é prejudicial, pois pode inibir jovens e crianças de pedir ajuda caso precisem. Da mesma forma, isso tampouco ajuda os demais alunos a terem mais acolhimento e respeito. 

Por isso, é válido que o tema vire assunto de debate nas aulas, por meio de projetos, pesquisas, seminários, rodas de bate-papo, discussão de literatura e séries e outras atividades pertinentes de acordo com o nível da turma. 

A ideia é promover conscientização e conhecimento de qualidade para eliminar estigmas e preconceitos, trazendo o tema para o plano real e concreto. Outro ponto importante é que esse conteúdo pode ser trabalhado em diferentes áreas curriculares, estimulando a interdisciplinaridade. 

Promova um ambiente que valoriza o acolhimento e a inclusão 

O tema da saúde mental nas escolas não deve se restringir apenas ao cuidado de alunos em potencial sofrimento ou mostrando sinais, mas sim algo pertinente para todos, um debate em constante construção. 

Por isso, um ambiente escolar que promove saúde é aquele que: 

  • abraça, respeita e valoriza as diferenças e subjetividades; 
  • preza pela solidariedade e colaboração entre os alunos, e não a competição; 
  • entende um erro como algo que faz parte do processo de aprender, e não um defeito ou problema; 
  • estimula conexão e proximidade com as famílias; 
  • encoraja o diálogo respeitoso, o debate e o desenvolvimento do senso-crítico dos alunos, mas sem violência; 
  • legitima e acolhe todas as emoções, histórias e sentimentos; 
  • oferece espaços de fala e escuta sem que haja julgamento; 
  • tem a empatia, o acolhimento e a inclusão como base de todas as relações; 
  • prioriza vínculos de afeto, cuidado e respeito entre as pessoas; 
  • está atenta a movimentos de segregação e comportamentos de agressividade e desrespeito; 
  • por fim, enxerga a saúde mental como uma questão social e de saúde pública, e não um estigma ou algo a ser minimizado. 

Como mostram os dados, o sofrimento mental é um tema urgente do presente, mas fundamental para a formação dos alunos no futuro. 

De fato, lidar com o tema da saúde mental nas escolas pode ser desafiador e complexo, mas é necessário trilhar esse caminho e construir um espaço de acolhimento, trocas e reflexões e aprendizagem sobre como podemos cuidar melhor de nós e do outro em nossa sociedade. 

Quer aprofundar seus conhecimentos sobre o tema? Recomendamos, então, outro artigo sobre como cuidar da saúde mental dos adolescentes

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