Respeitando a faixa etária e a linguagem da criança, é possível que ela entenda como a política acontece na prática
Assim como outros temas do mundo adulto, as eleições podem render boas conversas com as crianças. Além de ser um importante aprendizado sobre cidadania, é uma oportunidade de inserir o tema no cotidiano, ensinando sobre como esse processo democrático influencia a vida de todos. Nessa hora, é importante não reforçar pontos como “é sempre assim” e evitar termos muito complexos, convidando a criança a se informar sobre o assunto junto com você.
Começando um diálogo
Nesta época pré-eleições, quando as propagandas eleitorais gratuitas são transmitidas pelos meios de comunicação, é natural que as crianças se interessem em saber do que se trata. Este é um bom momento para ouvir o que o filho pensa sobre o assunto, para então iniciar um diálogo, explicando sobre como a política está inserida no nosso cotidiano.
“Nesse processo de escuta e de conversa informal, já se consegue perceber o quanto o senso comum e as informações veiculadas pela mídia impactaram o pensamento infantil”, observa a coordenadora pedagógica da Educação Infantil e Ensino Fundamental do Colégio Marista Glória (SP), Claudia Ayres Paschoalin.
Como explicar o que é política?
À primeira vista, pode parecer um assunto meio complicado de abordar com os filhos, especialmente os pequenos. Porém, quando a reflexão é feita na linguagem da criança e respeitando a faixa etária, é possível que ela entenda como a política acontece na prática.
Os pais podem começar explicando que é uma ferramenta capaz de transformar o mundo, para que ele seja um lugar melhor para todos. Também é interessante dizer que a polícia está presente cotidianamente em nossas vidas, seja em casa, nas relações com os amigos ou na escola. A partir daí, é possível promover uma reflexão sobre atitudes, valores humanos e expectativas que se depositam sobre as pessoas que se dispõem a governar.
Como exercer a cidadania?
A responsabilidade envolvida no processo eleitoral pode ser mais bem compreendida quando as crianças têm vivências importantes em casa, como escolha consciente e corresponsável, pensamento crítico, respeito à diversidade, seleção de fontes de informação confiáveis, exercício de cidadania, direitos e deveres respeitados.
Sempre que um assunto é tratado com clareza, em que os filhos são convidados a participarem de assembleias familiares, sendo ouvidos e considerados em suas opiniões, a cidadania está sendo exercida. Quando são responsabilizados pelas consequências de seus atos, por exemplo, compreendem as implicações das escolhas. A partir do momento em que são ouvidos verdadeiramente, sentem-se valorizados e se fortalecem para exercer essa presença cidadã em outros espaços de convivência.
“Somos seres políticos, vivemos em sociedade, precisamos aprender a conviver socialmente com empatia, respeito e tolerância. Por isso, é muito saudável que os pais falem diretamente da política com crianças”, sugere Cláudia.
Mas, muito mais do que isso, os adultos precisam criar condições para sejam exemplo de uma conduta ética.
Como orientar adolescentes que já podem votar?
Neste caso, a orientação é essencial. Ou seja, os adolescentes devem ser ensinados a buscar fontes confiáveis de informações sobre os candidatos, a conhecer as plataformas de governo e compará-las com a sua forma de entender o mundo, buscando representação.
O papel dos pais ou familiares é muito importante nesse processo. Como adultos experientes, são eles que contribuem com a visão crítica, buscando ponderar as considerações dos jovens que, por meio da escuta e do diálogo, colaboram para escolhas conscientes.
Veja outras dicas na hora de conversar sobre política:
1 – Evite discutir política: procure não repetir o senso comum como “é sempre assim”, “nada muda”, “os políticos são sempre os mesmos”, entre outros jargões. A crença na mudança social pela ação do cidadão é importante para que o processo eleitoral seja considerado pelo jovem como uma ferramenta de transformação.
2 – Se informe junto com o filho: leia jornais, impressos ou virtuais, acesse as plataformas políticas, assista aos momentos de propaganda eleitoral, ponderando sobre a viabilidade ou não das propostas e os contextos que estão implícitos nas imagens. Essas são maneiras de dialogar e ajudar o jovem em sua escolha.
3 – Evite termos complexos: no caso de crianças pequenas, é melhor explicar com exemplos práticos ao invés de partir para termos como “liberdade” ou “democracia”, que podem ser mais difíceis de entender.
4 – Dê exemplos: para tornar mais palpável a explicação, exemplifique, contando que as relações polícias acontecem também em casa, no condomínio, na escola e em outros lugares que a criança frequenta.
5 – Ressalte o potencial transformador da política: para isso, incentive a participação da criança em ações como trazer os filhos para convivência com realidades diversas por meio do trabalho voluntário, por exemplo.
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