A autoproteção é um conceito significativo que abarca a tomada de decisões e implementação de ações para a salvaguarda do próprio bem-estar. Essas escolhas podem ser complexas e, por vezes, incompreendidas por aqueles que não estão diretamente envolvidos. Implica, muitas vezes, o distanciamento de indivíduos que, embora aparentem benevolência, representam uma ameaça à integridade física ou emocional da pessoa.
Para crianças e adolescentes, agir dessa forma se configura em algo mais desafiador. Afinal, estão em uma fase de experimentar a socialização enquanto descobrem sua individualidade e constroem sua autoestima. Ademais, esses 3 aspectos influenciam, ditando o comportamento nessa idade.
Assim, cabe aos adultos — pais, responsáveis, familiares e educadores, dentro de seus papéis — o diálogo permanente com a intenção de educar e alertar as crianças para os perigos da convivência cotidiana. Isso inclui desde ensinar a identificar situações de perigo até apresentar maneiras de reagir e de denunciar e externar os fatos.
Veja o que cada um pode fazer para ajudar e mais a seguir!
O que é e qual é a importância do conhecimento sobre autoproteção?
A autoproteção implica em comportamentos preventivos e reativos que permitem a uma pessoa proteger a si própria. Esse conceito tem por trás toda uma construção social sobre respeito aos limites e convivência. Além disso, envolve o desenvolvimento de percepção, autoconfiança e assertividade para que tenha efetividade.
Por ser algo tão complexo, é fundamental desenvolver o assunto com crianças desde cedo, para que na fase adolescente, já estejam melhor informadas e mais conscientes do perigo existente. Nesse sentido, é necessário perceber que quem não sabe ou não sente que pode praticar medidas autoprotetivas fica exposto a abusos psicológicos ou físicos.
Todas essas situações e muitas outras geram preocupação, principalmente quando se trata de jovens. Isso porque eles ficam mais expostos conforme começam a conviver com um grupo maior de pessoas, estão descobrindo sua individualidade e com a autoestima em desenvolvimento. Ainda, a gravidade de seus efeitos nesse momento ressalta a necessidade de prepará-los para o futuro.
Como informar e incentivar crianças e jovens a se protegerem?
Os pais e familiares têm grande impacto na elaboração de referenciais que duram a vida inteira. Quando se trata de autoproteção, isso ganha ainda mais importância. Pois, sem ter comportamentos e atitudes nas quais se basear, as crianças e os jovens podem não saber identificar ou diferenciar excessos do que é normal em determinadas situações de convívio e relação com outras pessoas, tampouco “ter reações e atitudes adequadas para lidar com essas situações. Exemplos de práticas de autoproteção que os pais podem ensinar e exemplificar:
- Conhecimento dos Limites Pessoais: Instruir os filhos a reconhecerem e respeitarem os próprios limites e os limites dos outros, abordando questões de consentimento e respeito mútuo.
- Diálogo sobre Segurança: Conversar frequentemente sobre as situações de risco cotidianas e como evitá-las ou lidar com elas, seja no caminho para a escola, no parque ou em espaços públicos.
- Segurança em Dispositivos Digitais: Configurar junto com os filhos filtros de conteúdo e controles parentais em dispositivos e redes sociais, além de estabelecer regras de uso da internet, alinhando-se à importância da tecnologia educacional adotada pela instituição.
- Práticas de Navegação Segura: Ensinar os jovens a não compartilhar informações pessoais online, usar senhas fortes e entender os sinais de golpes ou abordagens suspeitas, incentivando valores como a interculturalidade e presença para navegar consciente na diversidade da internet.
- Estratégias de Fuga e Ajuda: Mostrar como sair de situações desconfortáveis, reconhecer adultos de confiança e onde encontrar ajuda se necessário, com ênfase na solidariedade marista e na rede de apoio mútuo.
Além disso, o tratamento recebido das pessoas mais próximas é decisivo para a construção da autoestima de crianças e adolescentes. Afinal, é a partir dela que eles vão se perceber como indivíduos que devem ser respeitados. É papel de cada um de nós , no cumprimento da Lei, proteger e respeitar todos. Aqui, especificamente e urgentemente, a criança e o adolescente.
Portanto, algumas ações precisam ser adotadas pelas famílias para preparar e incentivar os jovens a se protegerem. Tais como:
- dar o exemplo de como agir diante de riscos, abusos e relações tóxicas, impondo limites ou encerrando ciclos;
- apoiar a individualidade de cada um, incluindo o direito ao controle sobre o próprio corpo;
- evitar tratamentos como comparar, estabelecer moldes aceitáveis para a aprovação, valorizar a aceitação coletiva de cada um com suas características individuais etc;
- promover oportunidades de cuidado emocional e aberturas para que incômodos sejam manifestados;
- Os riscos online para crianças e jovens incluem exposição a conteúdos nocivos nas redes, afetando a saúde mental, e destacamos a necessidade de adotar boas práticas de segurança digital e privacidade, como uso de senhas fortes e supervisão adulta, para prevenção;
- apresentar assuntos delicados, como abuso sexual, de forma que a criança ou o adolescente saibam como diferenciar essa situação de carinho;
- desmistificar ideias que culpabilizam vítimas e geram constrangimento em quem está passando por quaisquer desconfortos nesse sentido;
- construir um ambiente de acolhimento, para que haja a confiança necessária para expor quadros que deixem os jovens envergonhados.
Como a escola aborda esse assunto?
De maneira complementar, a atuação da escola se volta tanto a prestar atenção a sinais que indicam abusos em casa, quanto a ser um lugar seguro para que os estudantes busquem ajuda. Isso passa por abordar o assunto sob a perspectiva pedagógica, dando outros pontos de vista.
Por meio de metodologias adequadas à idade, as crianças podem ser apresentadas a situações de forma lúdica. Histórias e encenações ajudam a refletir sobre ocorrências desconfortáveis, sendo um exercício teórico de como identificá-las. O livro “Não me toca, seu boboca!” da escritora Andrea Viviana Taubman, por exemplo, é um destaque, pois, trata da violência sexual de modo adequado e que as crianças são capazes de compreender.
As representações artísticas, como desenhos, também são úteis na hora de trazer à tona quadros que estão escondidos. Assim como as brincadeiras que servem para compreender aspectos inconscientes, como vieses e crenças que limitam a capacidade de autoproteção.
Já em relação aos adolescentes, a leitura de conteúdos noticiosos sensibiliza e alerta. No ambiente escolar, ainda é viável explorar atividades que fortalecem física e mentalmente, como esportes, a fim de promover valores que apoiem os jovens. Além de rodas de conversa, palestras com profissionais específicos.
A autoproteção é uma temática central para o bem-estar em todas as fases da vida. Mas a infância e a adolescência são fundamentais para construir as bases disso para o futuro. Além de que são momentos em que se está mais exposto a certos riscos. Assim, pais, responsáveis e educadores têm papéis nesse processo para ensinar aos jovens como se proteger.
Apesar de desafiador, orientar quanto a esse e outros assuntos é dever dos adultos. Para auxiliar temos diversos conteúdos em nosso blog, como o artigo “Conselhos sobre como ajudar crianças a lidar com a raiva e a frustração”. Confira!
Resumindo
Como trabalhar as partes íntimas na educação infantil?
A autoproteção passa por conhecimento, exigindo abordar assuntos como as partes íntimas já na Educação Infantil, trabalhando no sentido de:
- explicar quais são e seus papéis biológicos;
- fixar a ideia de que o corpo de cada um pertence só a ele;
- reafirmar a importância dos limites do seu corpo e do corpo dos demais;
- tratar de consentimento e da liberdade de dizer não sem medo;
- orientar sobre como agir se alguém tentar tocar suas partes íntimas.
Onde a criança não pode ser tocada?
Ensinar onde a criança não pode ser tocada e nem tocar os outros é essencial para sua autoproteção. Por regra, isso abrange todas as partes do corpo consideradas íntimas, ou seja, aquelas cobertas por roupa íntima.
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