Deixar claro o que é possível e o que não é contribui para o desenvolvimento saudável dos filhos
Uma confusão comum entre mães e pais é achar que estabelecer limites contraria a liberdade. Mas o que acontece é justamente o oposto. Limite é algo que forma, que precisa ser superado para a conquista da liberdade. E nesse quesito é preciso equilíbrio para evitar colocar limites onde eles não deveriam existir, ou correr o risco que eles faltem onde deveriam estar.
Mesmo que às vezes seja preciso ser firme em alguma decisão – e não seja possível atender às demandas das crianças ou adolescentes – é importante lembrar que é preciso deixar claro o que o que é viável, e o que não é, o que faz parte do papel dos pais na dinâmica familiar.
Existem três tipos de limite: o equilibrado, o rígido e o difuso.
Limite equilibrado
O limite equilibrado é considerado o mais saudável, explica a psicopedagoga Isabel Parolin.
“É aquele que tem os ‘nãos’ necessários e os ‘sins’ possíveis. O limite é uma fronteira relacional, que ensina para os filhos sobre o espaço que há nas relações.”
Sob esse ponto de vista, é indicado mostrar para a criança o que é dela e o que é do coletivo, e desta forma ela vai aprender qual é o seu lugar no mundo. Uma relação equilibrada, afirma Isabel, traz responsabilidade e ajuda na construção da sua identidade.
Limite rígido
O rígido é aquele em que há um maior número de “nãos”, em que há dificuldades para abrir espaço para o outro.
“Nesta relação, a criança precisa necessariamente se adaptar ao mundo do adulto.”
Ou seja, ou o filho se encaixa ou não terá como se manifestar. Esse limite é bastante danoso sobretudo porque causa um grande afastamento. Isabel diz que, geralmente, quando os pais estabelecem uma relação assim, não conhecem os seus filhos.
“Eles normalmente dizem e fazem coisas que os pais não reconhecem como uma ação que fariam.”
Limite difuso
Ao contrário do rígido, este se assemelha mais à dificuldade em estabelecer limites e dizer “não” ao filho. Neste tipo de comportamento, costuma haver uma confusão entre os espaços da criança e do adulto, que podem se misturar. Um exemplo do limite difuso é quando a mãe faz a lição de casa da criança, por exemplo, a isentando de uma responsabilidade que deveria ser dela. Em relações que são intermediadas pelo limite difuso, há pouco espaço para a individualidade da criança e, consequentemente, para a sua autonomia.
O que é liberdade?
“É quando eu percebo os meus gestos e até onde posso ir, porque reconheço o outro como um parceiro, como uma outra pessoa.”
A liberdade da qual estamos falando, complementa, está muito ligada à autonomia, que é quando o indivíduo consegue pensar por si mesmo e fazer as suas escolhas. Porém, é importante lembrar que essa autonomia inclui pensar no outro e no que é melhor para todos, sempre considerando o bem-estar coletivo.
“Afinal, nem sempre o que é bom para mim será bom para o outro.”
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