Comportamento

Como lidar com a culpa materna no retorno ao trabalho

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Dor da separação pode ser um dos motivos que causam insegurança nas recém-mães

Depois de passar meses dedicada a cuidar exclusivamente do filho, é comum a mãe se sentir um pouco insegura quando chega o momento de deixar a criança na escola pela primeira vez. O motivo pode ser o retorno para o mercado de trabalho, ou simplesmente permitir que o filho tenha convívio com os seus pares e vivencie a educação infantil com plenitude.

Fato é que esse momento pede muita paciência e persistência para a adaptação a uma nova realidade, em que o filho não está sob os cuidados exclusivos da mãe. “Quando uma família nasce, um modelo de convivência e formas de criar vínculos e laços saudáveis precisam ser criados, cada um ao seu modo e dentro das suas condições”, analisa a psicóloga Rosiclea Doroti Rodrigues.

Muitas vezes esse rearranjo ocorre porque acaba o período de licença-maternidade e a mãe precisa retornar ao mercado de trabalho. Nestes casos, não é raro que a criança tenha que permanecer na escola por um período ampliado devido à carga horária da mãe. O tempo estendido longe dos filhos pode ser um dos motivos da insegurança em relação à maternidade.

Como não sofrer na volta ao trabalho

Algumas vezes não é a volta ao trabalho em si que causa o sentimento de insegurança, explica a psicóloga, mas sim viver a dor da separação. É um sentimento plenamente compreensível, afinal, depois de cuidar exclusivamente do filho, pode parecer desafiador delegar essa tarefa para outra pessoa, mesmo que por um curto período.

Para se permitir vivenciar essas novas realidades, Rosiclea aconselha que a mãe deve considerar dois processos: o da maternidade e da maternagem. “A experiência da maternidade é unicamente da mãe. A maternagem é como uma função que envolve os cuidados e a atenção com o filho e pode ser saudável dividi-la com pessoas de confiança”, explica.

Além do pai, que exerce um papel fundamental para o desenvolvimento da criança, a rede de apoio pode incluir avós, tios e amigos da família. A relação com o mundo exterior, inclusive, é melhor desfrutada a partir da interação com a figura paterna, é em decorrência dela que a criança começa a descobrir a relação com o mundo e a desenvolver mais segurança para explorá-lo.

Como escolher a primeira escola para o filho

Conversar sobre os cuidados que serão dispensados à criança, por exemplo, como alimentação e sonecas, é uma boa maneira de estabelecer vínculos com a escola e, por consequência, se sentir mais confiante. Procurar manter um canal de diálogo aberto, trocando informações sobre o cotidiano escolar e acontecimentos em casa, também são formas positivas de criar proximidade.

No entanto, a psicóloga lembra que para mães e filhos se sentirem tranquilos nessa fase de transição é essencial confiança nas escolhas e decisões. Esses são os primeiros passos para uma maternidade segura e livre. “Conforme ela for retornando ao lugar de mulher e, com isso, assumindo outras funções e atividades na sua vida, vai suportar esse afastamento”, diz Rosiclea.

Como as crianças podem se beneficiar na escola?

Procurar um local de confiança e visitá-lo com antecedência para estabelecer um vínculo com os professores e o ambiente pode ajudar a mãe a passar por essa fase com mais tranquilidade. Manter a calma é importante não somente para se sentir melhor, mas também porque as crianças absorvem esses sentimentos, o que pode comprometer a sua adaptação.

“Se os filhos estiverem em um local seguro e de confiança dos pais, o período de adaptação será importante para vivenciar a espera e a ausência, para que depois seja possível experimentar o prazer do reencontro”, descreve a psicóloga.

Se a mãe não trabalha, é aconselhável dispensar o tempo sem os filhos com alguma atividade prazerosa, como caminhadas e passeios, investir em algum curso ou cuidar do seu bem-estar da forma que preferir.

Vantagens para as crianças que vão para a escola desde cedo

Um ambiente preparado para receber as crianças é essencial para que elas possam usufruir de vivências educativas, que são estimulantes para o seu desenvolvimento biopsicossocial. Além disso, cada experiência que elas encaram naquele ambiente traz uma série de descobertas diárias. A arquitetura do cérebro se forma nos primeiros anos de vida, por isso eles são tão importantes para construir o desenvolvimento da criança. Neste sentido, a escola é um complemento, onde ela ganha habilidades, conhecimento, sensibilidade, valores, capacidade de percepção e de relacionamento.