Infância

Como falar com as crianças sobre o futuro

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Estabelecer rotinas e horários é fundamental para trazer segurança para os filhos

Para as crianças pequenas, é difícil compreender a noção de tempo e, por isso, entender o passado e o futuro, que são conceitos muito abstratos para elas. Exemplos disso não faltam: quem nunca ouviu, em uma viagem, a pergunta “já estamos chegando?” e, cinco minutos depois, perguntar de novo? A capacidade de compreender as partes que compõe o tempo, como as horas, as semanas e os meses, virão com a experiência e será compreendida aos poucos.

Por isso é complicado quando tentamos explicar a uma criança que é preciso ficar em casa, em distanciamento social, até o cenário da pandemia se amenizar. Normalmente, elas querem saber quando verão os amiguinhos, os familiares e em que momento será possível passear nos parques.

O tempo é um conceito bastante abstrato, sobretudo para as crianças.

“Reconhecer as particularidades com que cada uma lida com o ‘futuro’, por exemplo, é fundamental que que possamos auxiliar nesse processo de internalização”, destaca o psicólogo Gustavo Lacatus.

É importante destacarmos que, por vezes, compreender é diferente de aceitar ou lidar sem mobilizações emocionais, o que poderá carecer de um espaço de expressão e também de mediação por parte de um responsável.

Como explicar o conceito de futuro?

“Gosto muito de histórias sociais como estratégia para auxiliar as crianças a internalizar a nossa estrutura social, sempre com exemplos próximos ao que ela vivencia e possa, assim, ir correlacionando com o que ela própria sente”, ressalta o psicólogo.

Existem algumas formas de trazer para essa ideia para a prática e tornar mais fácil ela aprender a esperar. Alguns marcos ritualísticos ajudam a representar que o tempo está passando, como manter a rotina de alimentação, higiene pessoal (escovar os dentes, tomar banho), além de estabelecer horários para dormir e acordar.

O psicólogo lembra que esses marcos fazem parte da vida de todos nós e permitem que possamos conviver com frustrações e consigamos estabelecer boas perspectivas a partir de praticamente todos as situações a que estamos expostos.

“Para além da gravidade do que estamos experienciando nesta pandemia, a falta de perspectiva temporal de quando poderemos retomar com algumas das nossas atividades, torna a convivência com essa realidade ainda mais difícil”, destaca.

De que forma os pais podem trazer algum conforto para os filhos neste momento?

O acolhimento é fundamental para todas as circunstâncias da vida. Mais do que necessariamente dar respostas que não estão ao alcance nesse momento, oferecer espaço de escuta e expressão para desconfortos são fundamentais para que os filhos possam se reorganizar e darem conta, minimamente, das demandas as quais estão sendo submetidos.

“Ter a abertura para falar sobre insatisfações e angústias, e ter o reconhecimento que elas são pertinentes às circunstâncias as quais estamos vivendo, auxilia as crianças a lidarem com a situação de uma forma mais equilibrada”, explica o psicólogo.