Reforçar o comportamento que espera do filho é melhor do que dizer o que ele não deve fazer
Vamos admitir: mães e pais falam muitos “nãos”. Muitas vezes, nem ao menos percebemos a quantidade de vezes que pronunciamos por dia. Mesmo assim, é comum que as crianças não reajam como gostaríamos e acabem ignorando a ordem. Por que isso acontece? Existe uma forma mais eficiente de se comunicar e estabelecer limites? A neurociência diz que sim.
O que acontece é que as crianças, por conta da imaturidade do cérebro, têm dificuldades para compreenderem ordens que iniciam com “não”. Vamos esclarecer esse assunto e sugerir alternativas para melhorar a comunicação entre pais e filhos.
O que dizer no lugar do não?
O córtex pré-frontal só amadurece na adolescência, e ele tem um papel fundamental para entender o não, principalmente quando utilizado no início de uma frase. Então quando você fala “não suba no armário” ou “não jogue isso no chão”, o que fica registrado no cérebro da criança são as palavras de ordem, como “subir” e “jogar”. Isso ativa a ação, justamente o contrário do que gostaríamos.
Podemos aproveitar as palavras de ordem para incentivar ações positivas. Ou seja, é possível substituir o “não” e conseguir com que a criança atenda aos chamados. Por exemplo, no lugar de “não suba”, prefira “desça” e, em vez de “não jogue”, use “segure”.
Por que as crianças têm dificuldades para entender o não?
O “não” é uma palavra que se aprende com a vivência dos fatos, por isso devemos utilizá-la sempre acompanhada de uma ação ou a partir da associação de gestos, imagens e contextos. “A criança espera uma justificativa plausível que a faça mudar de ideia, pois querem brincar, interagir no espaço tempo de forma lúdica, desafiadora e prazerosa”, observa a coordenadora de Educação Infantil do Colégio Marista Pio XII, Maria Cristina Starcke.
A melhor forma de se comunicar é por meio do equilíbrio e do diálogo, se abaixando na altura da criança e olhando nos seus olhos. Utilizar uma comunicação baseada em respeito e incluir seu filho nas decisões de forma amorosa e acolhedora estabelece uma conexão de proximidade. A partir disso, a comunicação se torna mais efetiva.
Confira 8 formas de substituir o “não” e falar de forma positiva com o seu filho:
- Opte por ordens positivas:
Em vez de dizer “não grite”, prefira “fale baixo”. Substitua “não suba na escada” por “Se subir, vai cair e poderá se machucar”. Isso é muito mais eficiente e a criança irá entender o que você pede com maior facilidade.
- Faça combinados:
Quando o seu filho pedir um doce, por exemplo, você pode dizer “mais tarde, após o almoço, você pode comer” ou quando ele quiser jogar no celular, uma alternativa é sugerir “vamos fazer um combinado? Você brincará com o celular quando finalizar o compromisso”. Assim não é preciso impor uma proibição, mas que existem prioridades que precisam ser cumpridas.
- Ouça o que o seu filho tem a dizer:
Em alguns momentos, instruções precisas são necessárias. Mas quando puder, converse com o seu filho, fale e também ouça o que ele tem a dizer. Isso é a base para desenvolver um relacionamento saudável.
- Diga “não” moderadamente:
Diminuir o “não” com os filhos não significa que você será permissivo, apenas que colocará limites de outro jeito. O “não” pode ser dito de forma moderada e respeitando o contexto dos acontecimentos.
- Linguagem positiva é mais fácil de entender:
O problema de simplesmente dizer “não” a qualquer comportamento que precise de atenção é que ele não explica os motivos. É melhor adotar uma comunicação positiva, que fará com que o seu filho compreenda melhor porque não pode fazer determinada coisa.
- Evite banalizar o “não”:
Como dissemos, o “não” pode ser empregado em algumas circunstâncias. Mas o risco de dizer “não” para tudo é que a palavra fica banalizada e corre o risco do seu filho não dar mais atenção.
- Tenha paciência:
Muitas vezes, falamos para a criança não fazer alguma coisa por cansaço ou porque estamos sem tempo. Lembre de respirar fundo e ter calma nesses momentos, pois dizer “não” a esmo não trará os melhores resultados.
- Peça o que quer, e não o que não quer:
Falar de maneira positiva com as crianças significa reforçar o que você gostaria que elas fizessem. Isso coloca atenção no jeito mais correto de agir, o que irá se refletir no bom comportamento.
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