Você já parou para pensar na riqueza que há nas mais diversas formas de vida humana no planeta? Quantas culturas, religiões e tradições foram criadas por seres humanos ao longo do tempo! É fascinante notar como, o que vestimos, a forma com que trabalhamos, o jeito pelo qual pensamos, sofreram mudanças incríveis durante a história.
As mudanças são muitas e ocorrem para que as sociedades, compostas por seres humanos, se adaptem às necessidades de cada era, relativas a temperaturas, geografia, demografia e estilos de vida. Necessidades e oportunidades geram a nossa evolução.
Conhecer a história, a diversidade, nos permite sermos autores da nossa própria vida, buscando assim o enriquecimento da nossa experiência no mundo.
Ampliar o repertório cultural, questionar nossos valores, nos faz perceber que aquilo em que acreditamos não é a única verdade e que as nossas próprias vivências podem ser enriquecidas pelas de outras pessoas, por novas leituras, novas situações.
Daí criança, adolescente ou um jovem ir a um museu, frequentar exposições, ler livros, assistir a filmes, conversar sobre os mais variados assuntos. Oportunidades não faltam. Até nas férias, quando as atividades escolares muitas vezes estão paralisadas, o processo de conhecimento continua ativo.
Pode-se, neste período, por exemplo, levar um filho a conhecer e aproveitar outros lugares na cidade. Nem são necessárias viagens tão longas. A novidade pode estar ao seu lado. Ou no bairro vizinho. Ou até on-line mesmo.
Se você é da religião católica, que tal ir a um passeio em várias regiões da cidade, que tenham, por exemplo, mesquitas, sinagogas ou templos budistas? Se você é de origem japonesa, que tal um passeio no Bexiga, bairro de São Paulo, para conhecer as cantinas e a cultura italiana? Que tal passeios em livrarias, parques e tours que você pode aproveitar com a família? Mesmo tendo seus valores e sua crença bem estabelecida, ampliar o repertório é um exercício muito importante.
Educação é algo que se constrói a médio e longo prazos. Vale a pena promover novas experiências aos filhos, pois ampliar o repertório cultural ajuda a abrir a mente de todos, a alongar as conexões cerebrais, expandir horizontes.
Ampliar o repertório cultural nos ajuda também a nos tornarmos mais observadores e assimilarmos as riquezas que muitas vezes poderiam passar despercebidas ao nosso redor.
Desenvolver o repertório cultural das crianças e adolescentes é papel fundamental dos adultos da família no processo de educação. Na Educação Escolar, a BNCC (Base Nacional Comum Curricular) inclui também o repertório cultural como uma das competências a serem trabalhadas na sala de aula.
O contato com a arte e com formas criativas de expressão nos ajuda a entender o nosso lugar no mundo e a questionar certezas que antes achávamos inabaláveis.
Claro que a bagagem cultural não pode ser rasa, na base do “li determinado assunto pela internet e já me apropriei desse assunto”. Leva tempo, paciência e exige um aprofundamento. Por isso é preciso continuidade, estar atento a novas informações, ao mundo que nos cerca. A palavra-chave aqui não é falar para os filhos fazerem, e sim, fazer junto, criar dentro de casa esta cultura de curiosidade e abertura.
O filósofo sul-coreano Byung Chul-Han diz, em seu livro A sociedade do cansaço, que atualmente tudo tem se mostrado raso. Na base do “faço tudo dentro do esperado com alta performance”, mas de forma rasa.
Num primeiro momento, parece algo tentador, mas a longo prazo, corre-se sério risco de cairmos no vazio.
Somos seres pensantes. Todos nós temos opiniões, histórias, experiências e uma herança cultural que nos ajudou a moldar nossa personalidade e integrar tudo isso às vivências e aprendizados daqueles que estão ao nosso redor, é o que forma a riqueza cultural de um país e amplia as habilidades de uma pessoa.
Daí vem a importância de a família estar aberta e dedicada a esse processo. Estimular que os filhos ampliem os horizontes por meio da interação com a diversidade de crenças, etnias e ideias é de suma importância para que tenham o seu desenvolvimento integral e saudável.
O repertório cultural afasta as pessoas da ignorância e dos preconceitos, mostrando como estamos unidos em nossas diferenças. Além disso, nos faz ver que hábitos e modos de vida que pareciam tão distantes, na verdade estão muito próximos, em função da essência humana. Essa sim, comum a todos nós.
