Adolescência

Como lidar com a ansiedade na adolescência?

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Tecnologia pode potencializar a criatividade e promover interação social

Geralmente, adolescentes usam a tecnologia de forma diferente dos adultos. O modo com que se relacionam com o conteúdo online e as conexões que conseguem fazer a partir das possibilidades tecnológicas vão muito além do que os adultos conseguem compreender. Sendo assim, o uso das tecnologias digitais pode ser uma alternativa interessante para extravasar e potencializar a criatividade, especialmente nesse período de pandemia.

O problema é quando o uso dessas tecnologias acaba restringindo outras formas de interação longe das telas.

“Ou seja, quando o adolescente ou jovem não desenvolve repertório para conversar com as pessoas, para fazer outras atividades que não estejam ligadas ao universo digital”, ressalta o psicólogo Pedro Braga Carneiro, especialista da Rede Marista de Educação Básica.

Pesquisadores do Instituto do Cérebro, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) apontam para os problemas que a exposição prolongada a telas digitais pode causar em relação ao sono. O comprimento de luz emitido pelos celulares, por exemplo, se utilizados antes de dormir, atrapalha o repouso. E essa privação de sono é um fator que pode contribuir para aumentar a ansiedade e causar o desequilíbrio da rotina.

O isolamento social pode aumentar a ansiedade?

O psicólogo afirma que os adolescentes podem sofrer menos impactos do distanciamento social do que os adultos, por terem, via de regra, menos compromissos e responsabilidades. Portanto, menos aspectos de suas rotinas foram tão alterados.

“Em contrapartida, as interações sociais podem ocupar um espaço maior na vida dos adolescentes e, por isso, as restrições passam a ser sentidas de forma bastante significativas. A forma com que cada indivíduo percebe e reage ao contexto é muito subjetiva”, destaca Carneiro.

De todo modo, o psicólogo enfatiza que o isolamento contribui sim para o aumento na ansiedade ao passo que nos deixa apreensivos, tensos, como se estivéssemos nos preparando para algo de ruim que pode acontecer a qualquer momento. O cenário ainda se agrava ainda pela restrição a outras atividades e distrações, o que faz “sobrar” energia para se sentir ansioso.

O motivo do isolamento também contribui: o medo da contaminação, das perdas, as incertezas quanto ao futuro, inseguranças, todos esses são fatores que contribuem para um estado de alerta e de preocupação constantes.

Que atitudes tomar na prática para diminuir os níveis de ansiedade?

Na medida das nossas possibilidades, é interessante tentarmos estabelecer pelo menos alguns marcadores de rotina, como tempos dedicados ao sono, ao lazer, às atividades domésticas e às atividades produtivas (trabalho, estudo).

Mas é importante, lembra o psicólogo, não se cobrar caso não consigamos cumprir com alguma dessas proposições.

“Não é o momento de se cobrar por produtividade de forma alguma. É um momento de compartilhamento, de colaboração, não de responsabilização individual”, ressalta.

É muito válido tentarmos inserir nessa rotina algumas atividades que nos conectem com o tempo presente e nos deem prazer, como leitura, jogos, atividades físicas leves, uma boa alimentação, inclusive o seu preparo. Carneiro lembra que é interessante tentar manter as interações sociais, mesmo que por meio da tecnologia.

“Essa conexão com as pessoas é fundamental para ajudar a superarmos os prejuízos emocionais desse período”, aconselha.

Neste momento de distanciamento forçado, um bom uso que se pode fazer dos tablets e celulares em favor do bem-estar é justamente o potencial de conexão entre as pessoas que estes aparelhos proporcionam.

“A possibilidade de interagir por vídeo, texto, chat, com pessoas diferentes, de vários lugares do mundo, é uma boa estratégia para superar a sensação de distanciamento que a pandemia produz”, afirma.

Outra possibilidade é o uso dessas ferramentas para criatividade: aprender e praticar atividades como edição de vídeos, pesquisas, projetos que façam interface entre o “mundo real” e o digital. Ou seja, o pior uso é aquele em que o sujeito se torna mero consumidor de conteúdo, sem maiores estímulos à interação.